Formação passa pelo ensino básico, universidades e cursos

Formação passa pelo ensino básico, universidades e cursos

Instituições de ensino superior reformulam projetos pedagógicos para se aproximarem da nova dinâmica de mercado. Mas preocupação também inclui a graduação de professores

Lídia Borges 24 de junho de 2013 (segunda-feira)

Uma crítica antiga recai sobre universidades e faculdades de que existe um abismo entre o ensino teórico aplicado nas instituições e a prática real de mercado. Durante tempos dizia-se que os alunos saíam das graduações sem competência técnica necessária para as funções do trabalho. Universidades como a Federal (UFG) e a Católica (PUC) em Goiás são enfáticas em dizer que o cuidado com a formação sólida e ética é o papel principal de uma instituição de ensino superior. Mas o fato é que ambas estão passando por reformulações de seus projetos pedagógicos para se aproximarem da nova dinâmica das profissões.

Segundo a pró-reitora de Graduação da UFG, Sandramara Matias Chaves, as atualizações dos cursos para as necessidades e demandas atuais são feitas pelas próprias coordenações, que também articulam os estágios e as atividades práticas para a capacitação dos universitários. Além disso, um novo câmpus federal está sendo implantado em Aparecida de Goiânia, com foco em cursos de grande demanda de mercado.

Com previsão de inauguração em 2015, serão oferecidas graduações nas Engenharias Química, de Produção, de Materiais e de Transporte, além de Geologia.

“A universidade não perde de vista essa dimensão do mundo do trabalho. Mas não podemos pensar apenas nisso, senão seríamos uma instituição técnica. Temos uma visão mais ampla e crítica da formação de alunos e uma função social que nos leva a oferecer também cursos de menor demanda, como as licencia- turas”, enfatiza.

Na mesma linha de pensamento, a professora doutora Gina Nolêto Bueno, integrante da Coordenação de Admissão Discente da PUC Goiás, destaca que a universidade tem preparado os currículos pedagógicos para essa nova realidade, de levar os acadêmicos a se tornarem multiprofissionais e a compreenderem a necessidade de uma formação continuada.

Ela cita a forte presença da área de Engenharia na instituição, com sete graduações diferentes, além de nove cursos na área de saúde e as diversas especializações. “Passamos por uma reformulação dos programas com o objetivo de formar profissionais com maior competência, capacidade de gestão e em- preendedorismo”, afirma.

Para o coordenador do curso de Direito da ESUP/FGV, José Renato Marchiori, o primeiro passo a ser dados pelas instituições para preparar melhores profissionais para o mundo corporativo é adequar a matriz curricular com a realidade e levar para as salas de aula os profissionais deste mercado.

“O ritmo de vida contemporâneo não permite uma matriz curricular engessada, ela deve ser dinâmica, assim como é o coti- diano”, destaca.

Professores

Em meio à discussão sobre as áreas e profissões mais demandas pelo mercado de trabalho, um assunto causa preocupação para as instituições católica e federal. Os cursos de licenciaturas têm cada vez menos procura nas universidades.

“Este é um gargalo perigoso para o Brasil, que está carente de docentes. E para ter profissionais cada vez mais capacitados e competentes, como o mercado exige, é preciso ter bons professores” afirma Gina Bueno. Ela acrescenta ainda que é preciso repensar a política de valorização de docentes no País, de forma que haja uma atração de professores doutores nos diversos níveis de ensino, inclusive na educação básica.

 

Profissionais devem se capacitar para atuar com mídias digitais

24 de junho de 2013 (segunda-feira)

Formada em Publicidade e Propaganda, a jovem Mariana Morais Monteiro, 26 anos, tem aproveitado as novas oportunidades que surgem na área virtual para se especializar. Além de redatora é também a responsável por gerenciar os perfis nas redes sociais da empresa onde trabalha – a Mondoprice. Ela cuida do relacionamento com o internauta e das repercussões da organização no Twitter, Facebook, You Tube e Google+.

Mariana conta que começou a adquirir experiência com as ferramentas ao cuidar das páginas on-line de firmas onde atou anteriormente e “foi sendo levada” a se dedicar mais à área. Embora ainda não seja uma função reconhecida por todas as empresas, ela acredita que a gestão de mídias digitais seja uma tendência promissora no mundo corporativo para aqueles que se capacitarem.

De olho em possíveis novas oportunidades que venham a surgir, ela já faz pós-graduação em Mídias Ditais. “Dependendo das características da empresa, esse é um canal importante de relacionamento com o cliente. Nas redes sociais, é possível saber se há reclamações, se estão falando sobre a empresa e ter uma resposta rápida para ser avaliada pelos gestores”, analisa.

Para a presidente da ABRH em Goiás, Dilze Percilio, os profissionais de mídias digitais serão cada vez mais necessários para a gestão da imagem das empresas.

Falta mais interesse do trabalhador

24 de junho de 2013 (segunda-feira)

Uma dificuldade na formação de mão de obra atualmente passa pela falta de interesse dos trabalhadores por uma formação mais aprofundada não só para conquistar uma vaga no mercado de trabalho, bem como para crescer na carreira profissional.

Segundo o professor doutor em Educação Manoel Pereira da Costa, que é diretor de Educação e Tecnologia do Sesi/Senai, num cenário favorável ao emprego, como ocorre hoje, os jovens descuidam de sua capacitação e preferem aprender na prática das empresas.

Inércia

A situação é ainda mais alarmante em função de uma educação básica deficiente. “Nesse ritmo, corremos o risco de entrar num estado de inércia, com baixa qualificação e pouca inovação, o que leva a um baixo valor agregado para as empresas e a economia como um todo”, diz.

Sendo assim, a solução passa por uma relação mais próxima entre escolas e o mundo do trabalho, assim como o uso de novas tecnologias para alcançar trabalhadores nos lugares mais longínquos, acrescenta o diretor.

 

Fonte: O Popular