Catira é tema de pesquisa desenvolvida pela UFG
Data da notícia: 03 de janeiro de 2018
Veículo/Fonte: O Hoje
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Como parte das celebrações da Folia de Reis, realizada na primeira semana de todos os anos, a Catira é figurinha carimbada em festejos fora da rota na Cidade de Goiás. De acordo com uma pesquisa realizada pela Universidade Federal de Goiás (UFG), a dança que faz parte da cultura folclórica brasileira não surte impacto na hora de chamar a atenção das lentes fotográficas dos visitantes, resistindo em espaços periféricos, como demonstrações de fé e tradição de foliões.
O estudo ainda mostra que a Catira, tal qual a Folia de Reis, são consideradas manifestações da cultura popular que ocorrem fora do âmbito da área tombada como Patrimônio Histórico da Humanidade, na antiga capital do Estado, local onde está o poder instituído pelo período colonial.
“As apresentações da dança no centro histórico, ou seja, na área mais turística, católica, branca, elitista, são bem pontuais. É na periferia que, de fato, a dança se manifesta”, relata a pesquisadora Juliana Marra, que acompanhou dois anos do festejo. Segundo ela, a catira se manteve na cidade graças à própria comunidade, que alimentou um sistema cultural de práticas, significados e sentidos.
A professora da UFG e orientadora da pesquisa, Izabela Tamaso, levanta a reflexão sobre a forma como o patrimônio é utilizado para construir a identidade de uma sociedade, por intermédio do que é extraído de uma cultura para simbolizar a nação. Nesse sentido, a Cidade de Goiás se torna um patrimônio devido aos seus prédios e construções históricas.
O patrimônio imaterial, formado pelas produções sociais de uma cultura plural e miscigenada, acabou ficando de fora dessa narrativa de valorização da antiga Vila Boa. “Nesse contexto é sempre o pedra e cal que é valorizado. Mas para além disso, há muito valor simbólico e manifestações culturais na periferia”, afirmou.
O estudo, que acompanhou três grupos de Catira do estado - um inserido no ritual da folia da Companhia de Reis da Bandeira Vermelha, na Cidade de Goiás, e dois do município de Itaguari, onde se encontram os grupos Irmãos Oliveira e Orgulho Caipira – detectou que é por meio da performance corporal que são repassados os conhecimentos da dança folclórica para as novas gerações. Tradicionalmente, os catireiros são homens, mas vem ocorrendo uma gradativa inserção das mulheres, fato que inclusive contribui com a perpetuação da manifestação cultural.
Fonte: Ascom UFG