TV UFG aposta em produção compartilhada

Audiovisuais independentes são destaque do projeto Ponto Brasil em parceria com a TV Brasil

 

O olhar está por dentro de um confessionário. As pessoas falam, desabafam, criticam, fazem mea culpa, contam fatos de diversas naturezas e o espectador vê tudo de um ângulo privilegiado. Em outro momento, três mulheres comem sem notar, mastigam sem pensar e reproduzem em seus atos o processo de industrialização dos alimentos. Judas, o eterno culpado, também é retratado, num ritual tradicional das comemorações de um domingo de páscoa no interior de Minas Gerais. Essas e outras abordagens foram reunidas por um fio condutor, a culpa, e exibidas na última semana, na UFG, como resultado de uma parceria da TV Brasil e de uma vasta lista de Pontos de Cultura, produtoras de audiovisual e televisões públicas de todo o país.

A essa parceria deu-se o nome de projeto Ponto Brasil, que faz parte de um programa maior vinculado ao Ministério da Cultura e intitulado Cultura Viva. Em Goiás, o Ponto Brasil foi realizado com base na integração entre a TV Brasil, a TV UFG (canal 14), os grupos Magnífica Mundi, Perro Loco, Fora da Lei Rádio TV Cinema e Balacobaco Cinema & Produção e o Ponto de Cultura Coepi, de Pirenópolis. Além do programa sobre a “culpa”, mais seis vídeos produzidos no estado foram exibidos, revelando olhares múltiplos sobre a cultura, os sentidos do popular, o cotidiano, a vida e as pessoas.

Toda essa variedade de conteúdos será exibida em breve pela TV Brasil, em rede nacional, e na Grande Goiânia pela sua retransmissora, a TV UFG. Durante a solenidade de lançamento do Ponto Brasil em Goiás, o presidente da Fundação Rádio e TV, entidade de direito privado que gerencia a concessão do canal 14, professor Carlito Lariucci, enfatizou a iniciativa da parceria: “Temos o sonho de entrar no ar junto com o sinal da TV Brasil. Isso é importante para a nossa TV, que está em construção”.

A TV UFG ainda não foi ao ar, mas mostra resultados, faz planos e integra produtores independentes. Enquanto explicava para a platéia o que representa o projeto Ponto Brasil, o coordenador de imagem da TV UFG, Michael Valim, ressaltou o caráter da construção conjunta de iniciativas como essa. “É revolucionário, pois podemos exibir conteúdos que nunca seriam veiculados pelas outras emissoras. Temos hoje a oportunidade de configurar a televisão pública brasileira da forma como queremos”, disse.

Marcelo Coutinho, um dos coordenadores do núcleo de vídeo do Ponto Brasil, concordou com Valim e acrescentou: “É uma proposta anárquica, pois fornece uma estrutura mínima para o cidadão fazer seu próprio vídeo”. Além de reunir produtores de audiovisual, independentes ou iniciantes, que dificilmente teriam espaço em uma emissora comercial, o Ponto Brasil se faz contra-hegemônico porque não necessariamente segue um padrão de linguagem e estética de modo a engessar o resultado final. Muito pelo contrário, as temáticas são amplas e a proposta é trabalhar menos com jornalismo, menos com fatos e mais com narrativas e ensaios, sejam esses feitos em forma de documentário ou de ficção.

Projeto - O Ponto Brasil nasceu com o nome de Mosaico e, conforme Daniel Prado, também coordenador do núcleo de vídeo do projeto, começou reunindo o que cada Ponto de Cultura espalhado pelo país dispunha de produção audiovisual. Inicialmente exibidas em forma de interprogramas (pílulas que passam ao longo de uma programação de TV e que têm no máximo três minutos), essas produções abriram espaço para que, em 2008 e 2009, o Ponto Brasil caminhasse rumo ao compartilhamento, ou à confecção de vídeos por uma série de grupos diferentes e não necessariamente profissionais. Para tanto, foi criado um cronograma de oficinas e também uma dinâmica virtual de troca de conteúdo e propostas de roteiro.

Em Goiás, os primeiros contatos ocorreram em abril, quando as equipes de trabalho foram formadas e as orientações para as tarefas conjuntas foram indicadas. Logo em seguida, iniciou-se o processo de desenvolvimento das ideias audiovisuais, um longo debate. Em junho, a equipe da TV Brasil passou uma semana em Goiânia acompanhando as gravações. No restante do mês e também em julho, o material capturado foi editado e finalizado.

Outros 14 estados brasileiros participam da iniciativa, mas, lembrou Prado, “Goiás foi o único estado a receber a equipe da TV Brasil durante o lançamento do programa”. Para conhecer mais sobre essa proposta de produção compartilhada, você pode acessar www.pontobrasil.org.br ou procurar pelas chamadas disponibilizadas no youtube. Alguns dos vídeos goianos também podem ser conferidos por meio dos links: Olga e Delícia. Quando a TV UFG entrar no ar, você já sabe o que assistir.

 

Fonte: Ascom/UFG