[Educação] Ensino superior dá sinais de saturação (Estadão, 28/11/2009)
Ensino superior dá sinais de saturação
Pela primeira vez em dez anos, há queda no número de instituições
Lígia Formenti, Renata Cafardo e Simone Iwasso
O crescimento do ensino superior, impulsionado pela criação de instituições particulares a partir da metade dos anos 1990, dá sinais de saturação. Dados do Censo de Educação Superior de 2008 mostram que o número de universidades, faculdades e centros universitários caiu e que o ritmo de crescimento das matrículas na graduação presencial foi o menor dos últimos tempos. Para completar, há 1,4 milhão de vagas ociosas.
Entre 2007 e 2008 houve uma redução de 29 instituições de ensino superior no País - a primeira queda em dez anos. Um dos principais motivos é a própria consolidação do setor, com falências, fusões e incorporações. Grandes conglomerados, como a Universidade Paulista (Unip), seguem em crescimento, enquanto pequenas instituições são vendidas. A Anhanguera Educacional é um exemplo deste processo, incorporando faculdades pelo interior do País.
Há também o impacto da redução de instituições federais: foram
O especialista Ryon Braga, da Hoper Consultoria, acredita que o processo está só no começo e que muitas falências ainda virão. "Abriram 1.300 novos cursos e o número de novas matrículas quase não cresceu. As faculdades menores estão sumindo do mapa."
"Depois do crescimento, atingiu-se um patamar que fica a cada dia mais difícil superar", disse Reynaldo Fernandes, presidente do Inep/MEC. Para ele, o passo seguinte no ensino superior brasileiro é a criação de mecanismos para garantir que alunos carentes tenham acesso à graduação.
A dificuldade, na avaliação de Oscar Hipólito, da Lobo & Associados Consultoria, será financiar o acesso ao ensino superior para essa população. "Apenas 12% dos jovens de 18 a 24 anos estão no ensino superior. A demanda por novas vagas diminuiu porque o ProUni e o Fies não atendem às necessidades das pessoas de mais baixa renda." Para o presidente do Sindicato das Mantenedoras de São Paulo (Semesp), Hermes Figueiredo, há uma demanda não atendida de jovens carentes, que no modelo atual não conseguem pagar sua educação. "Será preciso uma nova forma de financiamento."