Goiás à frente da cegueira
Jornal Diário da Manhã 10/03/2007
UFG aplica a mais avançada técnica experimental desenvolvida nos Estados Unidos contra perda da visão e obtém 88% de satisfação em resultados. Irradiação da retina ainda não está disponível no mercado
UFG aplica a mais avançada técnica experimental desenvolvida nos Estados Unidos contra perda da visão e obtém 88% de satisfação em resultados. Irradiação da retina ainda não está disponível no mercado
Macloys Aquino
Da editoria de Cidades
O mais moderno tratamento para a principal causa de perda de visão no mundo encontra aplicação prática em Goiânia. Pesquisadores da Universidade Federal de Goiás (UFG) empregam uma tecnologia desenvolvida nos Estados Unidos para combater a degeneração macular relacionada à idade (DMRI), doença responsável pela perda de visão de 5 milhões de brasileiros e 300 milhões de pessoas no mundo. Os resultados são satisfatórios em quase 88% dos casos, e a tecnologia pode substituir tratamentos tradicionais a laser e drogas antiangiogênicas injetáveis (veja reportagem nesta página). O tratamento ainda não está disponível comercialmente.
A DMRI atinge indivíduos com mais 50 anos e destrói a visão central: o paciente perde gradativamente a capacidade de executar tarefas cotidianas como ler, dirigir e reconhecer as cores devido a manchas escuras e disformes – espécie de borrões – que aparecem no centro do campo de visão. A doença está associada ao envelhecimento da retina (membrana que cobre o fundo do olho, responsável pela captação de luz e formação de imagem), que deixa de eliminar as excretas resultantes da metabolização celular. Com o tempo, essas substâncias formam corpúsculos e feridas, responsáveis pelo aparecimento das manchas e da doença.
Além disso, os vasos sangüíneos que alimentam a retina também se degeneram com o envelhecimento. O organismo reage e cria outros vasos para abastecer as células em um processo chamado neovascularização. O problema é que o novo tecido circulatório cresce aleatoriamente, fazendo com que estes vasos passem a se interpor (formar-se na frente uns dos outros). Esse “emaranhado vascular” barra os raios de luz e impede a formação de imagens.
A nova técnica utilizada pela UFG consiste em uma microcirurgia no globo ocular, por onde, com auxílio de uma cânula (espécie de agulha), “ataca” a retina com um elemento químico radioativo, neste caso, o isótopo de estrôncio-90. O elemento radioativo fica na ponta da cânula e age sobre a mácula, que é um ponto no centro da retina, por cinco minutos. Todo o procedimento dura 20 minutos e, após a irradiação, o olho é coberto com um curativo e o paciente liberado. “A recuperação ocorre em duas ou três semanas”, afirma o médico doutor em oftalmologista Marcos Ávila, responsável pela pesquisa em Goiás.
Embora a substância entre nos olhos, não há riscos de contaminação radioativa, porque existem cuidados, durante o procedimento, de evitar que o elemento químico se misture aos tecidos. No ponto a ser irradiado, a pequena amostra de estrôncio-90 libera partículas de alta energia que atingem as feridas existentes na mácula. A quantidade de energia irradiada é mínima. Ao expor à radiação os vasos defeituosos, estes são inativados e o próprio organismo trata de reabsorver nos dias subseqüentes.
Da editoria de Cidades
O mais moderno tratamento para a principal causa de perda de visão no mundo encontra aplicação prática em Goiânia. Pesquisadores da Universidade Federal de Goiás (UFG) empregam uma tecnologia desenvolvida nos Estados Unidos para combater a degeneração macular relacionada à idade (DMRI), doença responsável pela perda de visão de 5 milhões de brasileiros e 300 milhões de pessoas no mundo. Os resultados são satisfatórios em quase 88% dos casos, e a tecnologia pode substituir tratamentos tradicionais a laser e drogas antiangiogênicas injetáveis (veja reportagem nesta página). O tratamento ainda não está disponível comercialmente.
A DMRI atinge indivíduos com mais 50 anos e destrói a visão central: o paciente perde gradativamente a capacidade de executar tarefas cotidianas como ler, dirigir e reconhecer as cores devido a manchas escuras e disformes – espécie de borrões – que aparecem no centro do campo de visão. A doença está associada ao envelhecimento da retina (membrana que cobre o fundo do olho, responsável pela captação de luz e formação de imagem), que deixa de eliminar as excretas resultantes da metabolização celular. Com o tempo, essas substâncias formam corpúsculos e feridas, responsáveis pelo aparecimento das manchas e da doença.
Além disso, os vasos sangüíneos que alimentam a retina também se degeneram com o envelhecimento. O organismo reage e cria outros vasos para abastecer as células em um processo chamado neovascularização. O problema é que o novo tecido circulatório cresce aleatoriamente, fazendo com que estes vasos passem a se interpor (formar-se na frente uns dos outros). Esse “emaranhado vascular” barra os raios de luz e impede a formação de imagens.
A nova técnica utilizada pela UFG consiste em uma microcirurgia no globo ocular, por onde, com auxílio de uma cânula (espécie de agulha), “ataca” a retina com um elemento químico radioativo, neste caso, o isótopo de estrôncio-90. O elemento radioativo fica na ponta da cânula e age sobre a mácula, que é um ponto no centro da retina, por cinco minutos. Todo o procedimento dura 20 minutos e, após a irradiação, o olho é coberto com um curativo e o paciente liberado. “A recuperação ocorre em duas ou três semanas”, afirma o médico doutor em oftalmologista Marcos Ávila, responsável pela pesquisa em Goiás.
Embora a substância entre nos olhos, não há riscos de contaminação radioativa, porque existem cuidados, durante o procedimento, de evitar que o elemento químico se misture aos tecidos. No ponto a ser irradiado, a pequena amostra de estrôncio-90 libera partículas de alta energia que atingem as feridas existentes na mácula. A quantidade de energia irradiada é mínima. Ao expor à radiação os vasos defeituosos, estes são inativados e o próprio organismo trata de reabsorver nos dias subseqüentes.