Entrevista Leonardo Guedes

Jornal tribuna do Planalto (11 a 17/03/2007)


Maria Cristina Furtado

Após anos de luta para a implantação da Fapeg (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás), a comunidade científica agora tem muito a comemorar. O sonho saiu do papel e no final do ano passado a fundação ganhou sede própria, mobiliário e seus primeiros funcionários. Com uma estrutura operacional em funcionamento, as primeiras pesquisas estão bem próximas de serem realizadas. Com entusiasmo, o presidente da entidade, Leonardo Guedes, adianta boas notícias. Além do aumento da proposta orçamentária feita no ano passado, o Conselho Superior da fundação já autorizou a abertura dos primeiros editais.

Doutor e mestre em Engenharia Elétrica pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Leonardo Guedes é professor nas universidades Católica (UCG) e Federal de Goiás (UFG) e também responde como presidente da Associação Brasileira de Engenheiros Eletricistas no Estado de Goiás. Confira, ao lado, a entrevista dada ao Escola.

A Fapeg é uma conquista muito importante para a comunidade científica de Goiás. Qual a estrutura que a fundação tem hoje?
A Fapeg é muito importante para a área científica e tecnológica do Estado e também para as áreas empresarial e industrial. É lógico que nem toda pesquisa vai se transformar em produto, agregar valor, muitas são de geração pura de conhecimento. Quanto à estrutura, nós podemos vê-la de duas maneiras. A estrutura física e operacional já está toda pronta. Ela tem uma sede que foi negociada com a Secretaria Estadual de Educação, onde era o antigo Colégio Militar Vasco dos Reis. É uma instalação adequada para a Fapeg utilizar. Numa parceria com a SecTec e a financiadora de projetos Finep, a Fapeg tem seus primeiros equipamentos mobiliários e de informática, mas que serão destinados à pesquisa. Os primeiros funcionários efetivos também estão chegando agora. Isso significa que precisaremos de um tempo de desenvolvimento para que esses servidores novos se adaptem.

Em relação à questão jurídica, como está a Fapeg hoje?
A Fundação encontra-se estruturada juridicamente, o que significa que legalmente já pode operar para aquilo que foi criada, que é o fomento à pesquisa. O Conselho Superior da Fundação já aprovou as quatro resoluções que regulamentam seus programas básicos. Um programa é o de bolsas de formação para mestrado, doutorado, iniciação científica, apoio técnico e estágio pós-doutoral. Uma outra resolução é de apoio à realização de eventos científicos e tecnológicos. Outro é a participação em eventos científicos e tecnológicos para a divulgação dos conhecimentos gerados em Goiás, e uma quarta resolução também regulamentando as normas para a concessão de apoio ao fortalecimento da Ciência. Apoio a projetos de pesquisa desenvolvidos em conjunto com a Fapeg, onde a Fapeg irá fomentar e custear parte dessas pesquisas, apoiando projetos, envolvendo as parcerias do setor produtivo e do conhecimento, ou seja, empresa, instituto de pesquisa e universidades.

Fomentar a pesquisa, de uma forma em geral, é um trabalho em longo prazo...
É lógico e notório que a demanda reprimida para a pesquisa no Estado encontra-se principalmente nas universidades e centros de pesquisa, e não nas empresas. Também é sabido que a grande massa crítica de pesquisadores e pensadores em inovação acontece dentro da academia. Poucos estão no interior das empresas. Então, este é um processo em longo prazo, o de integração do setor do conhecimento e do setor produtivo.

Como serão definidas as prioridades da entidade?
Como priorizar pesquisa? E quem tem o direito de priorizar pesquisa? Nós moramos num Estado onde um volume enorme da população tem ou já teve dengue. Será a pesquisa sobre a dengue prioritária? Mas nós temos em Goiás uma oportunidade de desenvolvimento da mineralogia fora do comum, extraordinária, uma pesquisa em mineralogia é prioritária? Os notáveis da área vão dizer: mas ela é estratégica. Então, prioritário e estratégico, os dois têm de ser colocados na balança na hora de escolher o que a fundação vai investir. Agora quem define é o Conselho Superior da fundação, que são 15 conselheiros, mais o presidente. É importante falar também que existe pesquisa de ordem de política pública como, por exemplo, a própria resolução do problema da dengue.
 
E os editais de convocação? Quando serão publicados?
Os editais já foram aprovados pelo Conselho Superior para serem formulados, mas essa formulação depende da negociação com as secretarias de Planejamento e da Fazenda, com relação à disponibilidade orçamentária e financeira e também da capacidade operacional da Fundação. Os primeiros editais já foram autorizados e a Fundação está trabalhando e operando dentro destes procedimentos.