Transplante realizado em hospital goiano

Diário da Manhã – 17/03/07
 

Transplante realizado em hospital goiano

 

Em abril de 2006, testes com células-tronco para tratamento de doenças coronárias foram realizados no Hospital Anis Rassi, em Goiânia. Um paciente com Doença de Chagas teve células-tronco retiradas do sangue da medula do quadril, que, depois de passar por processo de centrifugação, foram reinjetadas no paciente por meio de cateterismo. O Mal de Chagas provoca fibrose no tecido do coração, e há esperança de que as células-tronco do próprio paciente possam regenerar o músculo. “O resultado só será conhecido em um ano”, avisa o médico cardiologista e coordenador do estudo em Goiás, Anis Rassi Júnior. Trezentos pacientes foram selecionados para o tratamento no Brasil, dos quais 150 foram medicados com placebo (soro fisiológico), enquanto que a outra metade recebeu células-tronco. Isso para que nem mesmo os pacientes, escolhidos por sorteio, pudessem influenciar nos resultados relatando melhoras do quadro clínico.

Com este estudo, Goiás se destacou como primeiro Estado do Centro-Oeste a realizar estudo de investigação com células-tronco no tratamento de doenças do coração. Os especialistas goianos levaram cerca de três horas e meia para realizar o procedimento. A terapia aconteceu em dois centros de saúde de Goiânia. O primeiro, no Hospital Anis Rassi, e o outro, no Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Goiás (HC-UFG). As unidades foram seleciondas para participar como colaboradoras, ligadas ao Instituto de Cardiologia Laranjeiras, do Rio de Janeiro, Hospital Santa Izabel, da Bahia, e um hospital de São Paulo.

O Estudo Multicêntrico Randomizado de Terapia Celular em Cardiopatias (EMRTCC) é o maior projeto com células-tronco adultas para o tratamento do coração no mundo. A meta da pesquisa é demonstrar que esse tipo de tratamento é capaz de melhorar a qualidade e a expectativa de vida dos cardiopatas. Ao todo, 9 Estados e o Distrito Federal participam do estudo.

Embrionária – A professora Lídia Guillo explica que as células-tronco da medula, por serem adultas, são multipotentes, e por isso reproduzem apenas células de tecidos específicos. “As células embrionárias têm capacidade maior de diferenciação. Elas podem fazer o mesmo papel das células-tronco adultas da medula, mas podem ser mais eficientes”, explica.