Alimentação correta faz a diferença

Jornal O Popular, 29/03/2007

Alimentação correta faz a diferença

Patrícia Drummond

Ninguém pode negar que estudar com fartura e manter a disciplina são ingredientes fundamentais de praticamente todas as receitas para passar no vestibular. Cuidar da alimentação, entretanto, pode ser um ponto a mais na disputa pela vaga, já que, segundo especialistas, são poucos os concorrentes que se preocupam com o que vai pela boca. “Ganha muito em termos de desempenho intelectual quem se preocupa em manter um bom metabolismo”, afirma o nutrólogo Daniel do Prado Figueiredo Júnior. “O cuidado com a alimentação pode ser um grande diferencial para o vestibulando. Uma pessoa bem alimentada consegue desenvolver melhor as suas capacidades e atividades diárias”, acrescenta Andréa Menezes Leão, nutricionista.

De acordo com o médico e a nutricionista, é possível ter uma alimentação balanceada, rica em frutas, verduras e legumes, sem perder mais tempo do que comer um cachorro-quente em uma van nas proximidades da escola ou do cursinho. Uma refeição balanceada, conforme explica Andréa Menezes, é composta de 50% a 60% de carboidratos, 10% a 15% de proteínas, 25% a 30% de gordura e muitas frutas e hortaliças. O ideal é manter a alimentação em dia o ano todo, mas, mesmo assim, dá para fazer pequenas substituições e aliar a ansiedade por causa das provas com uma dieta saudável.

Sanduíche light
“A vida do vestibulando é, de fato, corrida e carregada de estresse. Nem sempre há possibilidade de comer em casa, uma refeição balanceada. Nesse caso, o vestibulando pode adaptar o seu lanche entre uma aula e outra”, diz a nutricionista. “Em vez de uma bomba calórica, como um x-salada, ele pode optar por um sanduíche light de peito de peru com pão integral”, sugere. Outra dica de Andréa é preferir sucos e vitaminas aos refrigerantes.

O médico Daniel do Prado Figueiredo Júnior, cuja especialidade é a Nutrologia, destaca que o vestibulando deve se preocupar com a qualidade de sua alimentação por uma simples razão: ela é a fonte de energia para o estudo e, principalmente, para o aprendizado. Daniel explica que o organismo sempre direciona os nutrientes para onde são impostas demandas, e cita, como exemplo, o fluxo sangüíneo de um atleta ou alguém que está se exercitando. “O funcionamento do cérebro, nesse caso, é mais lento, exatamente para economizar energia do sangue para o músculo. No caso da atividade intelectual, o repouso é ideal para que o fluxo sangüíneo esteja mais direcionado para o cérebro. O tipo de alimento ingerido, nas duas situações, pode influenciar bastante”, ressalta.

Refeições que elevem o índice glicêmico e acelerem o metabolismo são considerados pelo nutrólogo como pouco recomendáveis para quem enfrenta um rotina às voltas com o vestibular. Segundo ele, uma alta na taxa de glicose no sangue geralmente leva à hipoglicemia, que não combina nem um pouco com um bom desempenho intelectual. “São aqueles casos em que o estudante não vai entender nada na aula ou, mesmo que tiver estudado para a prova, vai ter a impressão de que esqueceu tudo”, esclarece.

Com o estresse, o corpo vai gastando suas energias e seus nutrientes para se equilibrar. Esses nutrientes, porém, um dia desaparecem e o que pode vir, em decorrência, são alguns incômodos e até problemas de saúde. Durante longos períodos de estresse, como os vividos pelos vestibulandos, o organismo produz mais radicais livres - relacionados a processos de oxidação e que são um dos fatores ligados ao envelhecimento precoce e ao desenvolvimento de câncer. A ingestão de alimentos ricos em vitaminas, sais minerais e outros nutrientes ajuda a inibir a produção excessiva de radicais livres e a evitar problemas físicos que vão de gripes constantes a gastrite, que fazem com que o estudante precise faltar mais às aulas. Bom mesmo é adequar logo a dieta e evitar futuras dores de cabeça. Antes prevenir do que remediar.