Triste horizonte

Jornal O Popular, 09/04/2007

Triste horizonte

Imponente e preciosa observação do historiador inglês Thomas Carlyle: “Seguramente, de todos os direitos do homem, o mais incontestável de todos é o que tem o ignorante a ser ensinado pelo sábio e ser guiado, de grado ou por força, ao caminho reto.”

Infelizmente este direito está sendo sonegado a grande parte dos jovens brasileiros, ou por falta de escolas, ou por culpa da soma de ineficiências do ensino. Este é um triste horizonte no painel social do País.

Se nem mesmo parte dos jovens profissionais que recebem o diploma e vão procurar sua ocupação já não encontra lugar assegurado no mercado de trabalho, imagine-se a desventura dos que nem sequer conseguiram estudar.

A prioridade à educação deveria se converter também numa cruzada pela ampliação e pelo aperfeiçoamento do ensino profissionalizante. E com isso se fundindo com outro objetivo: tornar a universidade mais pragmática e realista, na sua oferta de cursos, em relação ao mercado de trabalho.

O ensino profissionalizante criando qualificação para o mercado de trabalho no nível médio e a diplomação mais vocacionada e realista no nível de ensino superior evitariam que dezenas de milhares de jovens sofram as frustrações que passaram a enfrentar nos últimos anos no Brasil.

Com exceção de alguns cursos preparando para o mercado de trabalho de informática, criados mais recentemente, o perfil de opções que os estudantes encontram permanece o mesmo de décadas atrás. Ficam portanto condicionados eles a optar por áreas de espaço profissional saturado e, mesmo com o diploma na mão, que no passado representava acesso infalível a um bom emprego, eles ou vão ficar desempregados ou terão de buscar alternativa de ocupação inferior, em termos de salário e carreira.

Jovens desempregados – eis algo que não combina em nada com as esperanças, mesmo que reduzidas a limites mais modestos, da sociedade brasileira. E os que têm pressa de uma ocupação precisam encontrar a oportunidade de qualificação de nível médio – ainda muito escassa.