Exercício para malhar o cérebro

Jornal O Popular, 19/04/2007

Exercício para malhar o cérebro

Atividades intelectuais estimulam o cérebro e ajudam a melhorar o rendimento em atividades voltadas para o aprendizado

Patrícia Drummond

Não dá para dizer que quem faz palavras cruzadas fica mais inteligente, mas não restam dúvidas, entre os especialistas, de que o estímulo é fundamental para o cérebro. As atividades intelectuais ajudam a consolidar as sinapses, que são conexões entre os neurônios. Um vestibulando, por exemplo, quando estuda um determinado conteúdo, lendo e pesquisando muitas vezes sobre ele – assim como um artista que realiza vários ensaios antes de uma apresentação –, terão, ao final de tudo, uma memória consolidada, pois há um crescimento na síntese de proteínas, promovendo maior adesão entre os neurônios. Mas, segundo pesquisadores e profissionais que atuam na área, há algumas coisas que ainda podemos fazer para dar uma mãozinha para o cérebro e, conseqüentemente, obter melhores resultados em todo este processo.

Adriana Castro, neuropedagoga e membro da Sociedade Brasileira de Neurociências e Comportamento, explica que o cérebro possui uma capacidade extraordinária de crescer e mudar o padrão de suas conexões. Nesse sentido, diz ela, atividades simples, como ler, dançar, desenhar e jogar xadrez, podem estimular os neurônios, favorecendo as funções cognitivas de atenção, aprendizagem, memória e a capacidade de tomar decisões. A especialista destaca que estudos recentes comprovam que, assim como os exercícios físicos ajudam a manter forma física, a malhação cerebral – ou neuróbica – pode ajudar a melhorar a capacidade cerebral, principalmente por meio de experiências fora da rotina, utilizando várias combinações dos nossos cinco sentidos – visão, olfato, tato, paladar e audição.

“Somado a isso, trabalhar os sentidos emocional e social também pode fazer toda a diferença”, destaca Adriana Castro. “Ao realizar atividades como dançar enquanto se ouve a música, ou jogar xadrez utilizando a visão para acompanhar o jogo do adversário, o vestibulando estará ativando circuitos quase nunca explorados da rede associativa do seu cérebro. Isso aumenta a flexibilidade mental para arquivar informações na memória de longo prazo e, mais ainda, se esta atividade estiver ligada à emoção”, acrescenta.

De acordo com Adriana, o estímulo das atividades neurais possibilita a criação de mais conexões entre as diferentes áreas do cérebro e faz com que as células nervosas produzam nutrientes naturais do órgão, as neurotrofinas, que podem aumentar de maneira considerável o tamanho e a complexidade dos dentritos (prolongamentos geralmente muito ramificados e que atuam como receptores de estímulos, funcionando, portanto, como “antenas” para o neurônio) das células nervosas. Tudo isso, frisa a neuropedagoga, além de contribuir muito para a aprendizagem, também favorece a formação de células, ao redor do cérebro, mais fortes e resistentes ao efeito do envelhecimento.