Educação em Goiás, um programa em movimento
Educação em Goiás, um programa em movimento
Milca Severino Pereira
A sociedade brasileira tem uma grande dívida com a educação. A sua omissão é secular mas, falar sobre culpa e omissões diante de um tácito diagnóstico – 74% da população é analfabeta total ou funcional, 90% da população vive com 10% do nosso PIB e 10% da população detém 90% das nossas riquezas, tendo o Brasil a pior distribuição de renda do planeta – desnuda, um pouco, o cenário da educação.
Nesse momento cabe um olhar pelo retrovisor e outro para a frente. Pelo retrovisor percebemos que Goiás, em que pese seus indicadores abaixo da média desejada e esperada, encontra-se acima da média nacional. Existe uma explicação: nas décadas de 80 e 90 várias salas de aulas foram construídas (as famosas escolas de placas, criticadas hoje, mas fundamentais naquele momento histórico), vários projetos implantados na direção da universalização do acesso à educação.
De 1999 a 2006, vários projetos e programas foram executados na continuidade da universalização do acesso e, sobretudo, com foco na busca da tão sonhada qualidade, como qualificação do professor, ações com ênfase na aprendizagem, melhorias das escolas (construções modernas, laboratórios, bibliotecas, cantinho de leitura, dentre outros).
Em 2006, Goiás, em sua rede estadual, instituiu, dentre outros, dois grandes programas: a merenda para o ensino médio e a escola em tempo integral, os quais interferem, diretamente, na qualidade do ensino, na aprendizagem.
Se observarmos atentamente as políticas públicas dos últimos dez anos (para nos atermos à última década), percebemos que Goiás caminha na direção do alcance da qualidade da educação: está ocorrendo um “casamento” entre as políticas educacionais e as políticas sociais
(salário-escola, bolsa universitária, renda cidadã, ensinando a pescar...)
Goiás já tem seu Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE) em franco andamento. Como ele é dinâmico e com metas educacionais bem-definidas, avança a cada ano. As crianças em Goiás já se encontram alfabetizadas aos 8 anos de idade. O nosso ensino fundamental é de nove anos. O Plano Estadual de Educação, profundamente debatido pela sociedade e, bem elaborado à época, já está superado em muitos pontos, antes mesmo de ser oficialmente aprovado. Comparando os pontos do PDE nacional com o estadual, temos a convicção de que Goiás cumprirá várias metas antes de 2022 e, naquele momento, o nosso quadro será bem melhor, considerando as medidas atualmente em andamento.
Assim sendo, por que não se percebe o impacto do PDE de Goiás nos indicadores educacionais, como revelam Saeb e Enem? Porque a causa não está apenas na sala de aula. A sua causa é multifatorial.
O olhar para a frente: dentro do PDE de Goiás, a Secretaria Estadual de Educação estabeleceu três eixos, neste governo: o primeiro é o professor, foco das nossas ações; o segundo é o estudante, razão do nosso existir e o terceiro é a escola, lócus da ação pedagógica. Em busca da completitude do professor/trabalhador da educação, os projetos gravitam em torno da melhoria da sua qualificação, da qualificação do ambiente de trabalho, do seu acesso aos bens artístico-culturais, dentre outros.
Na perspectiva da formação plena dos estudantes, os projetos e ações visam ampliar o tempo de permanência na escola, redefinição contextualizada e crítica dos conteúdos curriculares, atividades educacionais complementares que possibilitem sucesso na aprendizagem, e muito mais.
O espaço escolar, como dinamizador do processo educacional, tem sua centralidade na articulação e interação da escola, a partir das parcerias com outros espaços educativos e com outros agentes educacionais que se entrelaçam na luta pela formação plena das crianças, dos jovens e dos adultos. Sem idealização mas, acreditando no mundo possível, a luta do governo de Goiás está centrada na superação das dificuldades e obstáculos (conhecidos e ocultos), na busca da qualidade em debate em nosso País.
Milca Severino Pereira é secretária Estadual de
Educação, professora da UCG e ex-reitora da UFG.