Professor pára por reajuste de 20,31%
Professor pára por reajuste de 20,31%
No primeiro dia da greve, governo já descarta reajuste reivindicado. Sindicato diz que 80% das escolas pararam. Para Secretaria, foram 26%
Marília Assunção
Uma greve de professores, deflagrada pelo Sindicato dos Trabalhadores em Educação (Sintego), parou boa parte das escolas da rede pública estadual, onde estudam 800 mil alunos. A paralisação começou ontem e não tem data para ser encerrada, já que a principal reivindicação da categoria, o reajuste dos salários, em 20,31%, foi rejeitada logo no primeiro dia de greve. Enquanto o sindicato afirma que 80% das 1.149 escolas não funcionaram, a Secretaria Estadual de Educação (SEE) divulgou que pararam 26% (304 escolas).
Os professores têm data-base em maio e, conforme a direção do Sintego, vinham negociando com a secretaria desde março, mas não houve consenso que evitasse a paralisação. Na rede estadual trabalham 38 mil professores. Hoje, às 7 horas, o presidente do Sintego, Domingos Pereira, se reúne com os comandos de greve para articular a adesão dos professores que ainda não pararam. Às 15 horas haverá manifestação na Assembléia Legislativa.
Nos municípios de Iporá, Planaltina, Porangatu, Rubiataba e Silvânia, conforme a própria SEE, nenhuma das 117 escolas estaduais funcionou na segunda-feira. Em Aparecida de Goiânia e Luziânia, quase metade das unidades ficaram paradas ontem, enquanto em Goiânia, segundo a secretaria, de 118 unidades, apenas 33 foram afetadas pelo movimento de greve.
Aumento zero
A secretária de Educação, Milca Severino, participou de uma reunião com o governador Alcides Rodrigues e o secretário da Fazenda, Jorcelino Braga, no final da tarde, e depois anunciou durante uma entrevista coletiva que o reajuste estava descartado. “Será zero de aumento. Não há como honrar a data-base neste momento, quando a arrecadação não cobriria uma folha de pagamento com esse reajuste”, afirmou, ressaltando, em nome do governador, que “a greve é considerada legítima pelo governo do Estado, em que pesem as dificuldades do momento e o fato de ter havido reajuste em 2006”, observou.
Conforme ela, o reajuste na data-base do ano passado – que é negado pelo Sintego –, implicou o repasse de aumento negociado um ano antes com a categoria. A secretária destacou que não é intenção do governo questionar judicialmente a legalidade da paralisação. “Nem se discute isso”, frisou.
Milca afirmou que o governador garante que vai atender todas as outras reivindicações da categoria (veja quadro), algumas de forma imediata, como a convocação de mil professores aprovados no concurso de 2005 e que ainda não foram chamados. “Vamos convocar agora”, frisou. A liberação dos salários dentro do mês trabalho, explicou ela, “será garantida em algum momento próximo”.
Já a reforma das escolas, afirmou Milca, está em andamento, “ainda que não seja na velocidade necessária”. Outra reivindicação feita, sobre a atualização de repasses da merenda escolar, ela também garante que vai ocorrer em curto prazo.
Após a coletiva, a secretária se reuniu com a direção do Sintego para comunicar a posição do governo sobre a data-base. Mais tarde, o sindicato enviou uma nota comunicando a manutenção da greve e classificando a posição da SEE de vaga. “O governo não firmou compromisso de atendimento a nenhuma das reivindicações dos trabalhadores”, disse a nota, completando que Milca não precisou quando as outras reinvidicações seriam atendidas.
“A secretária disse que o governo vai assinar as promoções, mas não disse quando; disse que as escolas serão reformadas, mas também não disse quando; disse que o governo não pode apresentar nada de reposição salarial, ou seja, o governo apresentou nada de contraproposta. Não temos outra saída a não ser fortalecer a paralisação”, declarou na nota o presidente do Sintego, Domingos Pereira.