UFG debate projetos inovadores de expansão do ensino superior
Portal Andifes, 16/04/2007
UFG debate projetos inovadores de expansão do ensino superior
“Não aceitamos modelo único”. Essa frase sintetizou a posição do presidente da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) e reitor da Universidade Federal do Mato Grosso, Paulo Speller, que abriu, na última quarta-feira, o seminário “Expansão das IFES: propostas em discussão”. O evento, que integra o Fórum Permanente de Graduação da Universidade Federal de Goiás, reuniu centenas de pessoas no auditório da Faculdade de Medicina da UFG, em Goiânia.
Com a participação de reitores, pesquisadores, professores, dirigentes de universidades e estudantes, o seminário teve por objetivo aprofundar o debate sobre os projetos de ampliação de vagas e cursos, conforme meta do segundo mandato do Governo Lula.
Segundo Paulo Speller, não cabe às universidades federais se submeterem a um único modelo de expansão. “Cada universidade deve apresentar a sua proposta, a qualquer tempo, e escolher o seu próprio caminho”. Enfático, afirmou que a posição da Andifes é de abertura, não colocando nenhuma camisa-de-força em favor deste ou daquele projeto de estrutura acadêmica e ampliação de vagas e cursos.
Cauteloso em relação ao projeto de Universidade Nova, proposta pela Universidade Federal da Bahia, Speller expressou preocupações em relação ao financiamento da expansão. Segundo ele, a universidade brasileira é realmente elitista e é necessário aumentar a oferta de matrículas. Entretanto, ressaltou que para expandir é preciso, antes, ter garantias da destinação de recursos por parte do Governo Federal para a contratação de professores e servidores técnico-administrativos.
Expansão noturna – Coordenada pelo reitor da Universidade Federal de Goiás, Edward Madureira Brasil, a mesa-redonda contou, ainda, com a participação do assessor especial da Reitoria da UFG, Nelson Cardoso Amaral, que fez uma palestra sobre “expansão noturna”.
De acordo com Nelson Amaral, o Plano Nacional de Educação estabeleceu como meta que as universidades públicas no Brasil devem chegar a 2010 com o mesmo número de matrículas nos cursos noturnos e diurnos. Para cumprir essa diretriz, seriam necessários recursos da ordem de R$ 2,75 bilhões nos próximos três anos. Ele afirmou que a plena utilização do espaço da universidade à noite exige bem mais do que instalações e espaços, e para conseguir a expansão noturna desejada pelas instituições, o investimento anual deve ser de R$ 900 milhões.
Universidade Nova - O professor Naomar Monteiro de Almeida Filho, reitor da Universidade Federal da Bahia, deu continuidade ao seminário nesta quinta-feira, sob a coordenação da pró-reitora de Pesquisa e Pós-Graduação da UFG, Divina das Dores de Paula Cardoso. Naomar apresentou o projeto Universidade Nova em contraposição ao modelo atual de universidade que temos hoje no Brasil, oriunda do regime militar, cujo modelo é conservador, limitador e inflexível. De acordo com ele, temos hoje uma estrutura curricular confusa, com um sistema de títulos desarticulado e com denominações numerosas (são 482 títulos, que acrescidas as denominações correlatas chegam a mais de 5000), e incompatíveis com os modelos de outros países. “Precisamos criar um modelo que dialogue com o das instituições do exterior”.
O professor ainda criticou a entrada dos estudantes diretamente nas profissões, pois “os alunos ingressam em uma faculdade e não na Universidade. Têm uma formação profissional, e não universitária”. Com isso, acabam não conhecendo todas as possibilidades que a universidade oferece e não adquirem conhecimentos fora das áreas específicas de estudo. E no caso de conhecerem algo fora do curso que estão matriculados que lhe desperte mais interesse, o estudante fica impedido de mudar de idéia, pois não tem como fazer uma transferência. Ele classifica esse modelo curricular de “bitolado”.
Segundo Naomar Monteiro, esse modelo aponta para uma transformação radical na atual “arquitetura acadêmica” da universidade brasileira. De acordo com a proposta, a educação universitária seria composta por um regime de três ciclos: primeiro ciclo - os bacharelados interdisciplinares, que propiciariam uma formação universitária geral, como pré-requisito para a progressão aos ciclos seguintes; segundo ciclo – formação profissional em licenciaturas ou carreiras específicas; terceiro ciclo – formação acadêmica, científica ou artística, de pós-graduação.
Neste caso, a escolha da carreira específica seria feita pelo estudante somente após o término do bacharelado interdisciplinar. Com isso, o aluno da graduação teria que passar por um processo seletivo antes de ingressar na universidade e outro na seqüência dos estudos, quando escolheria uma carreira profissional. Segundo o autor do projeto, a Universidade Nova reduzirá as taxas de evasão do ensino superior, pois adiará escolhas profissionais precoces que têm como conseqüências prejuízos individuais e institucionais.
Outros efeitos esperados são a flexibilização curricular com aumento de componentes optativos e o alargamento da base dos estudos superiores, permitindo uma ampliação de conhecimentos e competências cognitivas.
Implantação de ciclos - Concordando com os princípios gerais da Universidade Nova, o pró-reitor de Pós-Graduação da Universidade Federal do ABC, professor Armando Milioni, apresentou o projeto pedagógico e a organização acadêmica da instituição e defendeu a implantação do modelo de ciclos na formação universitária. Segundo ele, na UFABC os estudantes ingressam após o vestibular em um bacharelado interdisciplinar, que dá formação em Ciência e Tecnologia. Após a conclusão dessa primeira etapa, o aluno pode optar por cursar mais um ano e adquirir Licenciatura em Matemática, Ciência da Computação, Física, Química ou Biologia. Ou fazer mais dois anos de curso e adquirir a titulação de engenheiro (em diferentes modalidades). Segundo Milioni, o fundamental é fugir da estrutura ortodoxa como a universidade se estrutura atualmente.
Durante a tarde, a pró-reitora de Graduação, Sandramara Matias Chaves, coordenou as discussões com o objetivo de aprofundar o debate sintetizar as principais conclusões do seminário.
UFG debate projetos inovadores de expansão do ensino superior
“Não aceitamos modelo único”. Essa frase sintetizou a posição do presidente da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) e reitor da Universidade Federal do Mato Grosso, Paulo Speller, que abriu, na última quarta-feira, o seminário “Expansão das IFES: propostas em discussão”. O evento, que integra o Fórum Permanente de Graduação da Universidade Federal de Goiás, reuniu centenas de pessoas no auditório da Faculdade de Medicina da UFG, em Goiânia.
Com a participação de reitores, pesquisadores, professores, dirigentes de universidades e estudantes, o seminário teve por objetivo aprofundar o debate sobre os projetos de ampliação de vagas e cursos, conforme meta do segundo mandato do Governo Lula.
Segundo Paulo Speller, não cabe às universidades federais se submeterem a um único modelo de expansão. “Cada universidade deve apresentar a sua proposta, a qualquer tempo, e escolher o seu próprio caminho”. Enfático, afirmou que a posição da Andifes é de abertura, não colocando nenhuma camisa-de-força em favor deste ou daquele projeto de estrutura acadêmica e ampliação de vagas e cursos.
Cauteloso em relação ao projeto de Universidade Nova, proposta pela Universidade Federal da Bahia, Speller expressou preocupações em relação ao financiamento da expansão. Segundo ele, a universidade brasileira é realmente elitista e é necessário aumentar a oferta de matrículas. Entretanto, ressaltou que para expandir é preciso, antes, ter garantias da destinação de recursos por parte do Governo Federal para a contratação de professores e servidores técnico-administrativos.
Expansão noturna – Coordenada pelo reitor da Universidade Federal de Goiás, Edward Madureira Brasil, a mesa-redonda contou, ainda, com a participação do assessor especial da Reitoria da UFG, Nelson Cardoso Amaral, que fez uma palestra sobre “expansão noturna”.
De acordo com Nelson Amaral, o Plano Nacional de Educação estabeleceu como meta que as universidades públicas no Brasil devem chegar a 2010 com o mesmo número de matrículas nos cursos noturnos e diurnos. Para cumprir essa diretriz, seriam necessários recursos da ordem de R$ 2,75 bilhões nos próximos três anos. Ele afirmou que a plena utilização do espaço da universidade à noite exige bem mais do que instalações e espaços, e para conseguir a expansão noturna desejada pelas instituições, o investimento anual deve ser de R$ 900 milhões.
Universidade Nova - O professor Naomar Monteiro de Almeida Filho, reitor da Universidade Federal da Bahia, deu continuidade ao seminário nesta quinta-feira, sob a coordenação da pró-reitora de Pesquisa e Pós-Graduação da UFG, Divina das Dores de Paula Cardoso. Naomar apresentou o projeto Universidade Nova em contraposição ao modelo atual de universidade que temos hoje no Brasil, oriunda do regime militar, cujo modelo é conservador, limitador e inflexível. De acordo com ele, temos hoje uma estrutura curricular confusa, com um sistema de títulos desarticulado e com denominações numerosas (são 482 títulos, que acrescidas as denominações correlatas chegam a mais de 5000), e incompatíveis com os modelos de outros países. “Precisamos criar um modelo que dialogue com o das instituições do exterior”.
O professor ainda criticou a entrada dos estudantes diretamente nas profissões, pois “os alunos ingressam em uma faculdade e não na Universidade. Têm uma formação profissional, e não universitária”. Com isso, acabam não conhecendo todas as possibilidades que a universidade oferece e não adquirem conhecimentos fora das áreas específicas de estudo. E no caso de conhecerem algo fora do curso que estão matriculados que lhe desperte mais interesse, o estudante fica impedido de mudar de idéia, pois não tem como fazer uma transferência. Ele classifica esse modelo curricular de “bitolado”.
Segundo Naomar Monteiro, esse modelo aponta para uma transformação radical na atual “arquitetura acadêmica” da universidade brasileira. De acordo com a proposta, a educação universitária seria composta por um regime de três ciclos: primeiro ciclo - os bacharelados interdisciplinares, que propiciariam uma formação universitária geral, como pré-requisito para a progressão aos ciclos seguintes; segundo ciclo – formação profissional em licenciaturas ou carreiras específicas; terceiro ciclo – formação acadêmica, científica ou artística, de pós-graduação.
Neste caso, a escolha da carreira específica seria feita pelo estudante somente após o término do bacharelado interdisciplinar. Com isso, o aluno da graduação teria que passar por um processo seletivo antes de ingressar na universidade e outro na seqüência dos estudos, quando escolheria uma carreira profissional. Segundo o autor do projeto, a Universidade Nova reduzirá as taxas de evasão do ensino superior, pois adiará escolhas profissionais precoces que têm como conseqüências prejuízos individuais e institucionais.
Outros efeitos esperados são a flexibilização curricular com aumento de componentes optativos e o alargamento da base dos estudos superiores, permitindo uma ampliação de conhecimentos e competências cognitivas.
Implantação de ciclos - Concordando com os princípios gerais da Universidade Nova, o pró-reitor de Pós-Graduação da Universidade Federal do ABC, professor Armando Milioni, apresentou o projeto pedagógico e a organização acadêmica da instituição e defendeu a implantação do modelo de ciclos na formação universitária. Segundo ele, na UFABC os estudantes ingressam após o vestibular em um bacharelado interdisciplinar, que dá formação em Ciência e Tecnologia. Após a conclusão dessa primeira etapa, o aluno pode optar por cursar mais um ano e adquirir Licenciatura em Matemática, Ciência da Computação, Física, Química ou Biologia. Ou fazer mais dois anos de curso e adquirir a titulação de engenheiro (em diferentes modalidades). Segundo Milioni, o fundamental é fugir da estrutura ortodoxa como a universidade se estrutura atualmente.
Durante a tarde, a pró-reitora de Graduação, Sandramara Matias Chaves, coordenou as discussões com o objetivo de aprofundar o debate sintetizar as principais conclusões do seminário.