O corpo fala

Jornal O Popular, 22/05/2007

O corpo fala

Artistas da cidade, de São Paulo, Minas Gerais e Brasília participam de coletiva na Galeria da Faculdade de Artes Visuais, na UFG

Valbene Bezerra

Dez artistas de Goiânia, São Paulo, Minas Gerais e Brasília integram a coletiva Fragmentos do Corpo, que será aberta hoje, às 10 horas, na Galeria da Faculdade de Artes Visuais, da Universidade Federal de Goiás, no Câmpus 2. Anahy Jorge, Eliane Chaud, Ciça Fittipaldi, Marcelo Moscheta, Suelita Costa, Célio Braga, Divino Sobral, Fernando Lucchesi, Elder Rocha e Keith Richard apresentam instalação, objeto, colagem, pintura e fotografia enfocando determinadas partes do corpo. Pêlos, penas e mechas de cabelo são alguns elementos inseridos nas obras.

Trata-se, segundo a curadora, professora e artista plástica Selma Parreira, do corpo dos sentimentos e do imaginário. Ela explica que, ao interagir com fragmentos do corpo, o conjunto de obras mostra a complexidade de uma fonte de investigação plástica. “Os artistas abordam forma e funções do corpo, revelam identidades e códigos, mas também usam partes e retalhos para denunciar violências físicas e morais, éticas e sociais. Falam também de lembranças, religiosidade, sentimentos e repertórios de inteligibilidade de corpos, que evocam passagens temporalmente construídas na relação com o outro”, escreve a curadora no texto de apresentação da coletiva.

Obras
Professora da FAV/UFG, Anahy Jorge expõe a instalação Direto da Rua. Cabeças, braços e pernas de boneca aparecem aprisionadas em vidros de doce, mergulhadas em formol, denunciando a violência contra a criança. Em técnica mista (fotografia, colagens de plástico e pigmentos), o torso perfurado de Célio Braga evoca cicatrizes e profundas marcas de sofrimento.

Emplumados, obra de Ciça Fittipaldi, apresenta dois corpos, um negro e outro branco. Já Divino Sobral expõe pedaços de roupa que conservam características do corpo, com pêlos costurados.

Elder Rocha mostra o corpo totalmente sem proteção, convidando o espectador a observar os músculos, as articulações e as veias, como em um ato cirúrgico. Eliane expõe um politípico composto de colagens de pequenos retalhos sobre tecido, que remetem ao corte/costura, moldes para cobrir o corpo. Flores de folhas de flandres, dentro de uma caixa arrematada de roxo e prata com uma pequena cabeça, compõem a obra de Fernando Lucchesi, uma relíquia impregnada de religiosidade. No trabalho de Keith Richards, um jovem personagem se reveste de couro de cabra, transformando-se em um ser híbrido, com forma de homem coberto com pele de animal.

O paulista Marcelo Moscheta utiliza duas situações distintas para falar do coração. Um, de folha de ouro, representa o indivíduo nobre de sentimentos, verdadeiros e puros. O outro é feito com poeira. A textura opaca revela o que há de pior no ser humano. Os relicários de Suelita Costa relatam sua própria história. Fiapos de tecidos, retalhos de roupas, um pequeno coração vermelho e mechas de cabelo compõem a pequena caixa de lembranças.

EXPOSIÇÃO:
¤ Fragmentos do Corpo
¤ Abertura: hoje, às 10 horas
¤ Local: Galeria de Arte da FAV/UFG, no Câmpus 2. Telefone: 3521-1445
¤ Visitas: de segunda a sexta, das 8 às 17h30, com monitoria
¤ Entrada franca