Adufg alerta para mudanças

Jornal Diário da Manhã, 26/05/2007

Adufg alerta para mudanças

O presidente da Associação dos Docentes da Universidade Federal de Goiás (Adufg), Romualdo Pessoa Campos Filho, recomenda para quem quer seguir carreira acadêmica, que, em primeiro lugar, antes de optar por lecionar em uma instituição de ensino pública ou privada, é preciso ter em mente o que o professor quer da carreira. Questionar antes se o principal objetivo é lecionar, ou casar a docência com a pesquisa. Isto porque a infra-estrutura para desenvolver pesquisas ainda é um divisor de águas dentro de uma instituição. Se a sua opção é pela pesquisa, o caminho com mais campo é nas universidades públicas, embora algumas das instituições privadas também venham investindo nesta área.

Mas o professor alerta que a novidade do governo federal terá pouco impacto, pois a categoria continua com o “plano de carreira achatado”. Para Romualdo, a notícia é preocupante. Ele explica que o MEC quer aumentar a relação aluno/professor em sala de dez para 18. Na visão de Campos, o salto na carreira é na verdade uma extensão de trabalho. Ele também questiona o tempo que o professor pode levar para progredir, uma vez que ainda não foi oficializado nenhum concurso.

Para o presidente da Adufg, o que o governo propõe é ampliação do cargo com uma matemática complicada, que vai colocar os professores substitutos no efetivo, para depois identificar se a instituição tem real necessidade de aumentar o quadro. “A única novidade é que a universidade vai ter autonomia de escolher.”

A diretoria da Adufg reivindica mudanças no projeto de lei complementar PLP 01/2007, do PAC, que pretende congelar o aumento dos gastos do governo com a folha de pagamento do funcionalismo pelos próximos 10 anos.

Campos lembra que, no caso das universidades públicas federais, a situação se complica mais porque, além do PLP 01/07, o governo apresentou também uma proposta de expansão do ensino superior, através do Reuni, que “não garante contratação de pessoal em número desejável e necessário”, enfatiza.

O diretor reclama que, para completar, o governo oferece uma portaria interministerial (Portaria 22) que aparentemente resolve o problema das vagas ociosas nas universidades, criando a figura do professor equivalente, com base em um quadro de referência em que se somariam professores efetivos e substitutos. De acordo com Romualdo, essa matemática vai prejudicar aquelas universidades que têm um número grande de professores substitutos e garantir uma proporção maior de alunos por professor, o que significa sobrecarga sem elevação dos salários.

Outro argumento do presidente da Adufg é que as medidas promoverão a transformação dos professores em dedicação exclusiva para o regime de 40 ou 20 horas, afetando o perfil das universidades brasileiras e dificultando o desenvolvimento das pesquisas.