Universidades públicas têm desempenho melhor

Jornal O Popular, 02/06/2007

Universidades públicas têm desempenho melhor

Das instituições públicas avaliadas 54,3% atingiram conceito 4 e 5, enquanto só 16,2% das particulares obtiveram este resultado

Almiro Marcos

As instituições públicas saíram-se melhor do que as particulares no Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade) com base em dados de 2006. Um número de 54,3% das avaliadas em todo o País conseguiu atingir os conceitos 4 e 5, os mais altos na avaliação, enquanto apenas 16,2% das particulares chegaram às mesmas notas. O curso de Administração da Universidade Estadual de Goiás (UEG), de Anápolis, está, inclusive, entre os 44 cursos de todo o Brasil que receberam conceito máximo (5) nos dois critérios de avaliação do exame. Além disso, dos 168 cursos avaliados em Goiás, apenas 6 conseguiram atingir notas máximas em um dos dois critérios. Três cursos são da Universidade Federal de Goiás (UFG) e um da UEG (é o que acumula as duas melhores avaliações). Apenas um é de uma instituição particular, as Faculdades Integradas de Mineiros (Fimes).

Os critérios de avaliação do exame, realizado sob a coordenação do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais do Ministério da Educação (Inep/MEC), são o Conceito Enade, que leva em consideração o desempenho de alunos que estão entrando no curso em conjunto com os que estão saindo, e o Conceito IDD (Indicador de Diferença entre os Desempenhos Observado e Esperado), que determina quanto de conhecimento os cursos agregam para os alunos. Instituído em 2004, o Enade substituiu o Provão e testa os conhecimentos dos concluintes e dos que estão entrando no Ensino Superior. Depois, é calculado o avanço entre um iniciante e um formando.

Numa comparação entre as universidades públicas e privadas com relação ao Conceito Enade, as primeiras saem-se melhor do que as outras nos dois casos possíveis. Além de ter o maior porcentual de instituições com os maiores conceitos (54,3% contra 16,2%), as instituições públicas também têm um número menor entre aquelas que receberam os conceitos mais baixos (1 e 2). As universidades particulares respondem por 30,2% daquelas que tiveram as notas mais baixas enquanto as públicas representam 16,9%. Um exemplo nacional que serve de referência é a Universidade Federal do Ceará, que foi a única em todo o Brasil a ter três cursos (Administração, Ciências Contábeis e Secretariado Executivo) com notas máximas nos dois critérios de avaliação.

Em Goiás, a UFG tem dois cursos entre os melhores no Conceito Enade (Biomedicina e Direito) e um no Conceito IDD (Biblioteconomia), todos os cursos são ministrados na capital. Para a pró-reitora de Graduação da instituição, professora Sandramara Matias Chaves, os dados fazem referência a pesquisas anteriores que mostram a qualidade do ensino das universidades públicas. “A despeito dos obstáculos e das limitações, as instituições públicas vêm apresentando bons resultados há tempos”, argumenta ela. No entanto, a educadora alerta que é preciso tirar proveito da avaliação, mas que é preciso também estar atento para outros aspectos. “Não é uma nota ou um conceito que vai indicar qual curso ou qual universidade é melhor”, ressalta. Ela aponta para os movimentos de boicote de alunos que acabam influenciando nas avaliações.

Mesmo que peça atenção para a análise dos resultados dos exames a cada ano, a pró-reitora não desconhece a sua importância para a educação brasileira. Sandramara argumenta que o exame é interessante porque faz uma avaliação do aluno no início e no final do curso, indicando portanto o conhecimento que o mesmo acumulou durante o período em que esteve nas salas de aula das universidades. “Temos de tirar desse conjunto de resultados os pontos mais importantes. Mas, de qualquer maneira, o Enade é essencial para a avaliação das técnicas de ensino aplicadas atualmente”, frisa.