Salgadinhos na mira da Anvisa
“Salgadinhos” na mira da Anvisa
Juliana Luiza
Da editoria de Cidades
Itamar Sandoval
Nutricionista Estelamaris Tronco Monego diz que é comum muitas mães comprarem alimentos induzidas pela mídia
Após a tentativa de regulamentar a propaganda e a venda de bebidas alcoólicas, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) dá andamento a luta semelhante contra os alimentos pouco nutritivos – leia-se ricos em açúcar, gordura saturada, trans e sódio. A proposta, disponibilizada em consulta pública entre novembro de 2006 e 1º de abril de 2007, está em fase de análise das contribuições e pode começar a valer já neste ano.
Entre as normas sugeridas está o acompanhamento de alertas para o perigo do consumo, como, por exemplo: “Este alimento possui elevada quantidade de gordura saturada. O consumo excessivo de gordura saturada aumenta o risco de desenvolver diabetes e doenças do coração.” Além disso, há limite das atividades em rádio e televisão para 21 e 6 horas e proibição de figuras, desenhos, personalidades e personagens admirados por crianças e adolescentes.
O objetivo central é impedir o aumento de doenças crônicas não-transmissíveis nesse público-alvo, como diabetes, infarto e obesidade. Esta já atinge cerca de 5% da população em idade escolar (7 a 14 anos) de Goiânia, conforme a nutricionista e professora da Universidade Federal de Goiás (UFG) Estelamaris Tronco Monego. O número é considerado alarmante pela profissional, que atribui à propaganda grande responsabilidade pelo excesso de consumo dos chamados “vilões da alimentação”.
“Não encontramos publicidade de frutas e verduras na mídia, e indivíduos que não têm acesso à informação se deixam levar por elas”, acredita. A nutricionista diz que já viu muitas mães darem aos filhos determinado produto induzidas pela mídia. “Elas alegam que se está na TV é porque o alimento é bom.” Por isso, Estelamaris comemora a iniciativa da Anvisa, assim como a presidente da Associação de Obesos e Ex-Obesos de Goiás (Assoego), Neuza Maria Cezário da Costa. “As famílias precisam resgatar o prazer de cozinhar e esquecer os fast-foods”, defende.
Ajuda – Mãe de filha adolescente, a instrutora de auto-escola Adalta Gomes Wanderley de Freitas, 44, ressalta a dificuldade de lutar contra o bombardeio de informações relativas a biscoitos, salgadinhos e chocolates. “A gente nunca sabe o que existe de realmente nutritivo nesses produtos”, ressalta. Entretanto, ela reconhece que a saúde dos jovens de hoje está em risco e atribui o fato à má alimentação. “Restringir a propaganda vai ajudar muito.”