Salgadinhos na mira da Anvisa

Jornal Diário da Manhã, 05/06/2007

“Salgadinhos” na mira da Anvisa

Juliana Luiza
Da editoria de Cidades

Itamar Sandoval

Nutricionista Estelamaris Tronco Monego diz que  comum muitas mes comprarem alimentos induzidas pela mdia

Nutricionista Estelamaris Tronco Monego diz que é comum muitas mães comprarem alimentos induzidas pela mídia

Após a tentativa de regulamentar a propaganda e a venda de bebidas alcoólicas, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) dá andamento a luta semelhante contra os alimentos pouco nutritivos – leia-se ricos em açúcar, gordura saturada, trans e sódio. A proposta, disponibilizada em consulta pública entre novembro de 2006 e 1º de abril de 2007, está em fase de análise das contribuições e pode começar a valer já neste ano.

Entre as normas sugeridas está o acompanhamento de alertas para o perigo do consumo, como, por exemplo: “Este alimento possui elevada quantidade de gordura saturada. O consumo excessivo de gordura saturada aumenta o risco de desenvolver diabetes e doenças do coração.” Além disso, há limite das atividades em rádio e televisão para 21 e 6 horas e proibição de figuras, desenhos, personalidades e personagens admirados por crianças e adolescentes.

O objetivo central é impedir o aumento de doenças crônicas não-transmissíveis nesse público-alvo, como diabetes, infarto e obesidade. Esta já atinge cerca de 5% da população em idade escolar (7 a 14 anos) de Goiânia, conforme a nutricionista e professora da Universidade Federal de Goiás (UFG) Estelamaris Tronco Monego. O número é considerado alarmante pela profissional, que atribui à propaganda grande responsabilidade pelo excesso de consumo dos chamados “vilões da alimentação”.

“Não encontramos publicidade de frutas e verduras na mídia, e indivíduos que não têm acesso à informação se deixam levar por elas”, acredita. A nutricionista diz que já viu muitas mães darem aos filhos determinado produto induzidas pela mídia. “Elas alegam que se está na TV é porque o alimento é bom.” Por isso, Estelamaris comemora a iniciativa da Anvisa, assim como a presidente da Associação de Obesos e Ex-Obesos de Goiás (Assoego), Neuza Maria Cezário da Costa. “As famílias precisam resgatar o prazer de cozinhar e esquecer os fast-foods”, defende.

Ajuda – Mãe de filha adolescente, a instrutora de auto-escola Adalta Gomes Wanderley de Freitas, 44, ressalta a dificuldade de lutar contra o bombardeio de informações relativas a biscoitos, salgadinhos e chocolates. “A gente nunca sabe o que existe de realmente nutritivo nesses produtos”, ressalta. Entretanto, ela reconhece que a saúde dos jovens de hoje está em risco e atribui o fato à má alimentação. “Restringir a propaganda vai ajudar muito.”