Greve na Educação já prejudica estudantes
Greve na Educação já prejudica estudantes
Paralisação completa hoje 32 dias. Segundo o Sintego, 680 mil alunos estão sem aulas. Para secretaria, são 320 mil fora das salas
Carla Borges
A greve dos professores e servidores da Secretaria Estadual da Educação (SEE) chega hoje ao 32º dia, causando prejuízos para estudantes de todas as idades e séries que estão sem aula – 680 mil, segundo o Sindicato dos Trabalhadores em Educação (Sintego) e 320 mil para a SEE, considerando o universo de 800 mil alunos. Os grevistas realizam uma assembléia hoje, a partir das 9 horas, na porta da Assembléia Legislativa, onde estão acampados desde o dia 22 do mês passado, para discutir a continuidade da paralisação.
Enquanto o retorno às aulas não ocorre, Fernanda Sousa Santos, de 17 anos, está tentando diminuir os prejuízos na busca por uma vaga no curso de Direito da Universidade Federal de Goiás (UFG). Aluna do terceiro ano do ensino médio do Colégio Estadual Senador Onofre Quinan, no Parque Atheneu, Fernanda tenta manter a rotina de estudos em casa, mas se diz preocupada. “Depois de toda greve, fala-se em recuperar a matéria, mas as aulas de reposição não recuperam o conteúdo”, diz. “Vou correr atrás no cursinho, no segundo semestre”, diz.
Na casa da auxiliar de serviços gerais Vânia de Oliveira, 41, a greve atingiu duas pessoas: a própria Vânia, que é aluna da Educação de Jovens e Adultos (EJA) do Colégio Antônio Raimundo Gomes da Frota, na Cidade Jardim, e a filha dela, Fabiane Taís Oliveira, 15, que cursa o segundo ano do ensino médio no Colégio Carlos Alberto de Deus, na Vila Adélia. “Ela está achando muito ruim ficar sem aula”, conta Vânia. Na escola dela, os professores decidiram retomar as aulas da EJA no dia 28. “Decidimos que vamos estudar aos sábados, não haverá folga no feriado”, contou.
A também auxiliar de serviços gerais Maria Santana Leite, 44, está preocupada com a situação do filho, Sérgio Henrique, 15. “É muito preocupante a situação, não só para ele como para os colegas, que também estão sem aula”, diz a mulher. “Será que eles vão ter a mesma vontade de estudar quando voltarem as aulas? Tenho medo de que meu filho e os outros percam o interesse”, preocupa-se.
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Nota
Os secretários da Fazenda (Sefaz), Jorcelino Braga, e da Educação, Milca Severino, divulgaram nota oficial conjunta, no início da noite de terça-feira, acenando com a possibilidade de negociação. Na nota, os titulares da SEE e da Sefaz dizem que “discutirão a possibilidade de reposição, mediante estudo de cenário, no mês de outubro”. Eles também dizem que, na ocasião, será discutida a possibilidade de reposição salarial “a médio e longo prazos”.
Mas o presidente do Sintego, Domingos Pereira, acredita que dificilmente a paralisação será encerrada hoje. “Falam em começar a discutir em outubro, mas não mencionam um índice sequer”, observa Pereira. O Sintego ainda não foi notificado sobre a decisão da Justiça estadual, que considerou a greve ilegal. “Quando formos notificados, vamos recorrer”, adianta. Enquanto não há consenso entre governo e trabalhadores, alunos e pais aguardam, angustiados, o final do movimento.
A reposição das aulas deve ocorrer, mas os trabalhadores descartam a possibilidade de realizá-la no mês de julho. “É o período de férias dos alunos, muitos já programaram viagens”, diz o presidente do Sintego. “Temos o compromisso de repor as aulas se não houver o corte de ponto”, acrescenta.
Os secretários da Educação e da Fazenda não falam sobre corte de ponto. Além da questão do aumento salarial, eles mencionam que foi atendida a reivindicação de nomeação dos concursados, que o governo está fazendo esforços para pagar os salários dentro do mês trabalhado e que estão regularizando o repasse de dinheiro para o pagamento da merenda escolar. A adesão ao movimento é de 85% para o Sintego. Já para a SEE, 59,5% das escolas de todo o Estado estão funcionando normalmente, 34,9% estão completamente paradas e 5,7% com funcionamento parcial.