Bolsa Universitária vai cair para R$ 200
Bolsa Universitária vai cair para R$ 200
Corte de 50 reais terá de ser compensado pelos estudantes beneficiados. Reunião definiu que repasses atrasados serão parcelados em 25 meses pela Secretaria da Fazenda
Marília Assunção
Os estudantes beneficiados pela Bolsa Universitária devem se preparar para pagar mais 50 reais pela complementação da mensalidade. Ontem, a Organização das Voluntárias de Goiás (OVG), que administra o programa, anunciou a redução de 250 reais para 200 reais no repasse equivalente a cada bolsa. O corte no valor foi anunciado junto com o parcelamento em 25 vezes para pagamento da dívida de R$ 36 milhões que o Estado tem com as instituições de ensino superior (IESs) conveniadas com a OVG. A primeira parcela está prevista para sair amanhã.
A Associação das Mantenedoras de Ensino Superior de Goiás (Amesg) ameaçava suspender a matrícula dos estudantes no próximo semestre se não houvesse um sinal do governo estadual sobre sete parcelas em atraso. O presidente da Amesg, Jorge de Jesus Bernardo, se reuniu ontem com o coordenador-geral da OVG, Alberane Sousa Marques, e o secretário da Fazenda, Jorcelino Braga, mas não conseguiu evitar nem o longo parcelamento nem o corte no valor da bolsa, medidas que ele lamentou, embora assegure o interesse permanente das conveniadas pelo programa. É que a proposta da associação previa quitação imediata das duas parcelas atrasadas de 2006 e a negociação das cinco deste ano, o que não foi aceito.
Jorcelino não participou da entrevista após a reunião. Já Alberane deixou claro que não houve outra forma de contornar a crise e retomar o cronograma de pagamento do convênio, embora a manutenção do valor da bolsa fosse promessa de campanha do atual governador. “O valor atrasado será quitado e as parcelas dos meses subseqüentes também sairão no mês correspondente. A continuidade do programa está garantida, mas a redução do valor da bolsa foi inevitável”, justificou.
Impacto negativo
Jorge de Jesus ressaltou o impacto negativo das medidas tanto para as instituições conveniadas quanto para os estudantes. Ele disse que o parcelamento não vai evitar que pelo menos 10 das 56 instituições conveniadas, entre faculdades e universidades da capital e do interior de Goiás, fechem as portas. “Em Rio Verde, na Fesurv (Fundação de Ensino Superior de Rio Verde), o atraso impediu o pagamento em dia dos professores e eles entraram em greve”, citou. Conforme Jorge de Jesus, pelo menos oito das conveniadas estão com as folhas de pagamento atrasadas.
Por outro lado, comentando o corte do valor da bolsa, ele assinalou que receia que a redução de 50 reais aumente a inadimplência entre os beneficiados, que recebem a bolsa justamente por se tratar de estudantes carentes. “Os bolsistas já têm uma inadimplência de 35%, enquanto ela fica em 25% entre os não-bolsistas”, acrescentou.
Não é o caso da professora e estudante do 5º ano de Pedagogia, Larissa Silva Moreira do Nascimento, 28 anos, bolsista na Universidade Alfredo Nasser. “Pago em dia para ganhar um desconto, mas sei o quanto esses 50 reais vão pesar para quem tem de completar mensalidades de 600 reais, e ainda pagar ônibus e cópias de textos para estudar”, observou Larissa, que trabalha em dois empregos para se manter. Ela lamenta o corte e diz que ficou apreensiva, com receio do programa ser suspenso. “Sem a bolsa, não conseguiria manter o curso com uma mensalidade de 400 reais sozinha”, declarou.