Um diagnóstico da educação, por José LuIz Bittencourt
Um diagnóstico da educação, por José LuIz Bittencourt
O presidente Lula destacou, em recente pronunciamento, que, na área da educação, o Brasil estaria vivendo “no pior dos mundos”. Sobre a declaração presidencial, o senador Edison Lobão falou da tribuna parlamentar elogiando a “coragem” desse diagnóstico e cobrou a correção de rumos por considerar que a questão é fundamental para o futuro da nação. Na Câmara Federal, o deputado Gastão Vieira também se referiu ao tema, ressaltando a urgência da discussão de ações para melhorar a qualidade do ensino e citou pesquisa, segundo a qual 68% dos brasileiros, entre 15 e 64 anos de idade, que estudam ou estudaram até a quarta série, não conseguem interpretar textos simples.
O ministro da Educação no governo do sociólogo Fernando Henrique, hoje deputado Paulo Renato, considerou um avanço o consenso em termo do diagnóstico dos problemas da área e apontou como fato positivo a uniformização dos índices de avaliação na educação. Disse que, assim como na área econômica, as taxas de inflação e crescimento contam com métodos de cálculo universais, a área educacional também desenvolveu formas de medição nos últimos 15 anos para medir a taxa de aprendizagem do aluno.
O senador Edison Lobão é categórico ao afirmar que não é novidade para ninguém que não há destino para um país que não se sustenta nos fundamentos da educação e do ensino. Quem negligencia desse setor está condenado ao fracasso, ao insucesso e ao descaminho. Em 2005, o Brasil possuía 15 milhões de analfabetos acima de 15 anos, isto é, equivalente a 11% da população na faixa etária. Um dado que inclui o País entre as nações com o maior número de analfabetos, o que seria deplorável para uma nação que pretende se tornar em breve a sexta economia do mundo. No passado, embora com alta taxa de analfabetismo, o Brasil tinha ensino de qualidade, do fundamental ao superior.
Verdade que a área não pode ser avaliada a partir de critérios utilitaristas, opina o economista João Sayad. Muitos não concordam com a crítica de uma visão econômica utilitarista da educação, porém chamam a atenção que as condições econômicas e educacionais “exercem inquestionável influência umas sobre as outras”. Há, sobre o tema, estudos que citam fatores de crescimento elaborados por organizações internacionais que mostram a educação entre as sete principais condições para o desenvolvimento econômico. O ex-ministro Antônio Palocci, por exemplo, também alertou que a reivindicação por mais investimentos no setor deve ser acompanhada da definição de metas e compromissos claros, para que a aplicação de recursos pelo setor público venha a ser cobrada de forma mais eficiente.
A secretária de Estado da Educação é uma ex-reitora da Universidade Federal e quem preside o Conselho Estadual de Educação também já exerceu o mesmo cargo. Ambas – as professoras Milca Severino e Maria do Rosário Cassimiro – são mestras de alto gabarito intelectual e pedagogas de saliente cultura embasada em conhecimentos técnicos. As duas, em conjunto, naturalmente com o apoio irrestrito do governador Alcides Rodrigues, têm condições de fazer um diagnóstico crítico da situação educacional de Goiás, que não se situa em bom patamar. A rede de ensino público precisa ser avaliada, reformada, dotada de recursos financeiros e constituída de docentes capacitados, remunerados de acordo com a dignidade e a excelência de sua missão de preparar os jovens para o serviço do Brasil no futuro. O financiamento público da educação e a introdução de novas tecnologias na área são temas para os quais o governo não pode nem deve permanecer indiferente. Todos nós apelamos no sentido de que a educação esteja figurando no quadro das prioridades do governo estadual. Um apelo patriótico que é acolhido pelos que desejam servir ao País com espírito público e muito civismo.
José Luiz Bittencourt é ex-vice governador do Estado de Goiás