Por trás do médico

Jornal Diário da Manhã, 15/06/2007

Por trás do médico

Antonio Erasmo Queiroz
Da editoria do DMRevista

Especializado na Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, professor e chefe da disciplina e do Departamento de Oftalmologia da UFG, o idealizador e fundador do CBCO, Dr. Marcos Ávila, toma posse hoje na Academia Goiana de Medicina, em solenidade de gala, e torna-se membro de mais uma confraria. Além das atribuições, também é marido, pai, amigo e “paizão” de seus alunos e colegas de trabalho. Para ele, o aconchego do lar é a melhor opção de lazer, e os filhos são a maior realização que a vida poderia lhe dar.

Mineiro de Uberlândia, o pisciano Marcos Pereira de Ávila, de 53 anos, é um dos quatro filhos e uma filha do pai Domingos, extremamente empreendedor, e da mãe Marise, muito dedicada à família. Desde criança ele e os irmãos incorporaram o empreendedorismo paterno e cresceram ajudando no desenvolvimento financeiro da casa. “O que me leva a dizer que minha família foi o berço de tudo, com raízes sólidas morais e éticas, foi nossa união. Mudamos para Goiânia num período muito tumultuado para nós. Com dificuldades, morávamos num bairro popular e aos poucos meu pai foi melhorando, e nós junto com ele. Acredito que essa época trouxe toda a solidez familiar que tenho hoje”, orgulha-se.

Durante o curso de Medicina em Uberlândia, quando cursava o quarto ano, interessou-se muito por oftalmologia. “A partir daí, o professor da disciplina começou a me convidar para participar das cirurgias dele, e encantei logo de imediato. Passei na prova de seleção e fiz residência no Rio de Janeiro e de cara fui aceito para um “fellow”, uma espécie de pós-graduação em retina na mais conceituada universidade do mundo, em Harvard, nos Estados Unidos”, lembra empolgado.

Social

Estava previsto para ele ficar por seis meses no exterior e acabou ficando por quase cinco anos. Foi daí que se justificou todo seu interesse não só pela parte de atendimento e cirurgia como pela vida acadêmica. Posteriormente sentiu-se atraído também pela parte social, um trabalho que pudesse levar os benefícios da oftalmologia de grande qualidade à população de baixa renda, do Brasil, e especialmente de Goiás.

Ao retornar dos Estados Unidos, ele conta que teve a opção de montar uma clínica em São Paulo, Rio de Janeiro ou Belo Horizonte; porém, veio para Goiás e acreditava ter feito a escolha certa. E fez mesmo! Na mesma época houve a chamada interiorização da Medicina nos Estados Unidos, e, ao vir para a Capital goiana, Ávila ficou distante de brigas de interesses e conflitos políticos, o que foi muito benéfico para o crescimento profissional e o bom funcionamento da clínica.

Especialistas

E por falar no CBCO (Centro Brasileiro de Cirurgia de Olhos), o cirurgião ocular gaba-se ao falar do processo de idealização e concretização do centro. “É uma história muito bonita. Quando criamos o CBCO, em 1994, nós elaboramos um estatuto interno com centenas de páginas e pré-estabelecemos desde o início que cada médico atenderia somente uma subespecialidade, e esse foi o grande segredo. Cada um se tornou especialista conceituado de âmbito nacional e esses 12 profissionais que somos hoje fazemos a diferença, modéstia à parte.”

Prova disso foram as pessoas globais que passaram a se consultar com freqüência no centro e vão até hoje. Celebridades como José Sarney, Fernando Collor de Melo, Jorge Amado, Oscar Niemeyer, Bibi Ferreira, dentre outros já passaram pelo CBCO.

Visto pelo lado profissional, Ávila é persistente e perfeccionista. Desde o início da carreira, primou pelo atendimento com excelência e a busca por novas técnicas cirúrgicas na oftalmologia. Após ingressar na Universidade Federal de Goiás como professor e pesquisador, o renomado médico ajudou a fundar o Cerof (Centro de Referência em Oftalmologia), que atende pessoas carentes vindas de todas as regiões brasileiras. “O grande diferencial em todo esse processo foi a capacidade de aglutinação que nós tivemos de reunir profissionais dos mais diferentes matizes para trabalharem juntos em prol de uma única causa: ajudar pessoas carentes”, afirma confiante no trabalho realizado.

Hoje o Cerof está entre as dez instituições em excelência da rede pública do Brasil com pacientes de baixa renda. Marcos Ávila revela que o que lhe dá muito orgulho é ter entrado para a UFG e desenvolver tantos projetos voltados à população carente: “Isso, pra mim, é muito gratificante”, completa.

E quando um homem é bom, ele faz valer. “Eu comecei atendendo pacientes em consultório particular, e do nada veio a vontade de ir para a universidade, no intuito de desenvolver pesquisas científicas, e tive a grande necessidade de criar um serviço de qualidade e que fosse público.” Havia uma lista de espera muito grande para inúmeras solicitações médicas, e ele se dipôs a diminuí-la realizando cirurgias gratuitas.