Reposição das aulas vai até 1ª semana de julho
Reposição das aulas vai até 1ª semana de julho
Depois de 45 dias de paralisação professores e funcionários da Educação decidem encerrar greve. Nenhuma reivindicação foi atendida. Secretaria estadual vai acompanhar calendário
Carla de Oliveira
Professores e funcionários administrativos da rede estadual da Educação, em greve há 45 dias, decidiram ontem retomar suas atividades, em assembléia realizada em frente à Assembléia Legislativa. As aulas recomeçam hoje na maioria das escolas. Diretores e professores terão de definir a forma de reposição das aulas em cada unidade, mas a tendência é a de que utilizem os sábados e a primeira semana de julho para colocar o calendário escolar em dia (veja reportagem nesta página).
O calendário de reposição vai levar em consideração o fato de que muitas unidades já haviam decidido encerrar a paralisação, antes mesmo da decisão coletiva de ontem. O Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Goiás (Sintego) avalia que, apesar de nenhuma das reivindicações ter sido atendida, o movimento saiu vitorioso ao conseguir mobilizar a categoria e trazer à tona os problemas do setor.
A greve, segundo Domingos Pereira, presidente do Sintego, terminou com 70% de adesão da categoria. No entanto, durante as discussões e avaliação para votação das propostas, admitiu-se que a adesão, ontem, não passava de 30% das unidades com uma previsão nada animadora de que caísse para 10% até o final da semana.
Resistência
A proposta de suspender a paralisação encontrou resistência, mas a afirmação de muitos dos presentes de que as aulas seriam retomadas até hoje, em vários municípios, pesou a favor da proposta do Sintego, de recuar na greve, mas mantendo a mobilização da categoria. A partir de agora, cada escola vai ter de elaborar um calendário de reposição dos dias parados, visando cumprir os 200 dias letivos, conforme manda a legislação. As férias de julho não devem ser comprometidas.
Segundo Domingos, não haverá retaliação aos grevistas, o que significa que não haverá corte de pontos e nem redução de carga horária. Antes da assembléia de ontem, representantes dos trabalhadores em educação participaram de uma reunião com a secretária de Educação de Goiás, Milca Severino, quando ficou acertada a constituição de uma comissão para discutir o atendimento das reivindicações que forem possíveis.
Domingos Pereira lembra ainda que a mobilização da categoria será mantida nos próximos meses. “Vamos discutir nas escolas, com os alunos, e mostrar a falta de compromisso do governo com a Educação”, assinala. Uma assembléia será realizada na segunda quinzena de agosto para encaminhar as ações do movimento.
Segundo a secretária Milca Severino, greves geram prejuízo para todos, principalmente para os alunos. “Em nenhum momento confrontamos os pleitos da categoria, que são da própria secretaria, mas todos sabem das dificuldades enfrentadas pelo Estado”, assinala. Milca afirma que não haverá corte de pontos, mas que a reposição será acompanhada para garantir sua efetiva realização. “Vamos considerar reposição aquela que o professor está em sala de aula com o aluno”, diz.
Impacto
Para a pedagoga Eliana Graziani, a greve acarreta prejuízos tanto para professores quanto para estudantes, que vêem suas atividades interrompidas e encontram dificuldades para retomá-las. Segundo explica, o professor que fica parado sofre com o estresse da situação. Já o estudante enfrenta um rompimento de um ciclo de aprendizado, que não estava programado, o que pode prejudicar o aprendizado. “É um período em que não há o descanso, como nas férias, e nem o estudo. Todos ficam parados no meio do caminho, inclusive a família”, lembra.
A pedagoga observa que a retomada é ainda mais penosa quando a parte que reivindica melhorias não alcança seu objetivo. “O professor volta frustrado, sem ânimo, o que pode abalar a relação aluno-professor, por mais que tente separar as coisas. Se o professor está satisfeito e com remuneração adequada, ele se envolve bem com o aluno. Quando isso não acontece, não significa que ele não queira, é algo inconsciente”, diz.