Goianiense é quem gasta mais com educação
Goianiense é quem gasta mais com educação
Márcio Leijoto O goianiense é quem mais compromete parte da renda com educação nas nove principais capitais brasileiras, segundo estudo divulgado ontem pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), órgão ligado ao Ministério do Planejamento. De acordo com a pesquisa, o morador da capital goiana separa 6,9% da renda com despesas em ensino. É quase o dobro do que se gastava há duas décadas, quando este índice girava em 3,5%. Goiânia está à frente de capitais mais ricas como Brasília (6,1%) e São Paulo (6,3%). O porto alegrense é quem tem a renda menos comprometida com educação (4,5%).
O pesquisador responsável pela área de educação no Ipea, Jorge Abrahão de Castro, diz que a principal causa desse aumento são os investimentos das famílias com ensino superior. Os gastos com ensino básico caíram e os com material didático tiveram um aumento, mas não significativo. “Os números de alunos matriculados em faculdades e universidades aumentou muito nestes 20 anos. Como o número de vagas em instituições públicas cresceu muito pouco, a demanda foi toda para as instituições particulares”, explica.
Jorge diz que em Goiânia o comprometimento da renda familiar com educação foi maior porque aqui a demanda estava muito reprimida. “Antes o número de instituições de ensino superior e de pessoas matriculadas era muito pequeno e houve uma explosão. Como acontece com todo serviço onde a demanda é grande, as entidades privadas aproveitaram para cobrar mensalidades mais elevadas”, diz. Além disso, a renda da família é menor nestes locais onde o percentual de despesa em educação é maior.
Em 1987, os gastos com educação giravam em torno de 3% em todas as capitais brasileiras. Cinco anos depois, com a implantação da Lei de Diretrizes Básicas da Educação (LDB), houve uma explosão do número de universidades particulares. Com o início do Plano Real, um ano depois, o brasileiro passou a se preocupar mais em conseguir um diploma. O número de matrículas nas universidades públicas cresceu 80% no Brasil nos últimos 20 anos, contra 174% nas particulares no mesmo período.
O estudo mostra que famílias com renda maior gastam mais com educação, principalmente aquelas formadas por pais com pelo menos 11 anos de estudo. As famílias mais ricas gastam até 30 vezes mais com educação do que as mais pobres. “A pesquisa mostra que a educação é um problema para a família brasileira porque as com menos renda comprometem uma parte maior dela para o ensino superior, pois o poder público não oferece o serviço de forma ideal”, diz o pesquisador do Ipea.
OUTROS DADOS
A pesquisa também mostra que, de modo geral, o brasileiro tem gastado mais com educação, impostos e habitação e menos com alimentação e vestuário. Há 20 anos, gastos com habitação e educação eram 18,55% e 3,16%, respectivamente, da renda da família brasileira. Hoje estes números estão em 23,44% e 5,5%. A alimentação representava 22,16% da renda. Agora é 18,7%. O gasto com vestuário caiu de R$ 11,29% para 5,06%. Já os gastos com impostos tiveram forte alta, de 12,62% da renda da família de 1987 contra 17,24%, em 2003.