Cura para vitiligo ameaçada

Jornal Diário da Manhã, 26/06/2007

Cura para vitiligo ameaçada

Lucielle Bernardes e Moacir Cunha
da editoria de Cidades

Adalberto Ruchelle

Advogado Cassen Auad, diretor comercial do Laboratrio Auad Qumica, lamenta no poder mais fabricar o remdio Viticromin

Advogado Cassen Auad, diretor comercial do Laboratório Auad Química, lamenta não poder mais fabricar o remédio Viticromin

Uma fórmula goiana contra o vitiligo chama a atenção da comunidade científica em todo o mundo. Produzida com o extrato da mama-cadela, planta típica do Cerrado, o medicamento Viticromin é considerado a maior descoberta da Medicina em Goiás. É o que afirma a superintendente de Estudos e Projetos Estratégicos da Secretaria de Estado da Ciência e Tecnologia (Sectec), Ana Cristina Kratz. Se não houver interesse de outros fabricantes pela compra do direito de fabricação do medicamento, que deixou de ser produzido em Goiás há três anos, ele pode desaparecer.

Segundo Ana Cristina, o mundo todo busca a cura para a doença (caracterizada pela despigmentação da pele, formando manchas bem delimitadas que crescem de dentro para fora) e, em Goiás, a mama-cadela, que é encontrada em todas as regiões, pode vir a ser usada para a produção em grande escala do medicamento. “A doença é complicada e ocorre em qualquer idade, por isso tanto interesse em investir na descoberta da cura.”

O remédio, que cura o vitiligo em até 70% dos casos, conforme o fabricante, foi descoberto pelo dermatologista Anuar Auad na década de 50. O produto genuinamente goiano pode ter seu registro comprado por grupos estrangeiros, principalmente pelos argentinos, e não mais ser fabricado no Brasil. Um grupo nacional também estaria interessado na compra do registro do produto.

O gerente de produção da Indústria Química do Estado de Goiás (Iquego), Fritz Kasbaum, diz que a indústria goiana possui interesse em comprar o registro do remédio, desde que haja demanda e clamor da sociedade. Para isso, seria necessário submeter a fórmula a um estudo de desenvolvimento, que dura, em média, dois anos e, logo em seguida, apresentá-la à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e Ministério da Saúde (MS).

DESABASTECIDO – Com produção mensal a todo vapor nos anos 90, em torno de 30 mil caixas (com 30 comprimidos), cerca de 8 mil bisnagas de pomada e aproximadamente 6 mil frascos de solução tópica, hoje o mercado está totalmente desabastecido do remédio. O problema é que o fabricante, o Laboratório Auad Química Ltda., desfez a sociedade em setembro do ano de 2003 e fechou suas portas desde então. Nos três últimos anos, os usuários do medicamento, tanto os brasileiros quanto os que moram fora do país, receberam o produto, sem ônus, até o fim do estoque do antigo laboratório.

Os sócios do laboratório começaram a pensar em desfazer a sociedade após a morte de um dos principais societários, Melchide Auad. “Com o inventário realizado por Melchide, ocorreram desentendimentos com os sócios remanescentes, motivo pelo qual houve a paralisação da sociedade comercial”, explica o advogado Cassen Auad, diretor comercial do Laboratório Auad Química.

Cassen lamenta não poder mais fabricar o Viticromin. “Trata-se do único produto farmacêutico de origem 100% nacional com exames completos de toxicologia desenvolvidos pela Faculdade de Farmácia da Universidade Federal de Goiás (UFG)”, descreve. O medicamento, acrescenta ele, é fruto de pesquisas médica e farmacêutica de 40 anos, com conceito internacional.