Força da fitoterapia

Jornal Diário da Manhã, 01/07/2007

Força da fitoterapia

Lucielle Bernardes

Aps desconfiar da eficcia das plantas medicinais, a dona de casa Sebastiana Pereira de Jesus, 88, estudou o assunto e hoje comercializa livros sobre fitoterapia, fabrica e vende bolachas de produtos naturais

Após desconfiar da eficácia das plantas medicinais, a dona de casa Sebastiana Pereira de Jesus, 88, estudou o assunto e hoje comercializa livros sobre fitoterapia, fabrica e vende bolachas de produtos naturais

Hoje em dia, diversos fitomedicamentos são introduzidos no receituário médico. Indústrias de alopáticos reconhecidas em todo o mundo já contam com essa linha de remédios de origem vegetal, elaborados a partir de extratos de plantas. Chegará um dia em que, na consulta, médico e paciente discutirão com tranqüilidade sobre tomar boldo ou carqueja para tratar diferentes males. Talvez, o paciente sairá com a receita de uma pomada à base de planta com sensação de segurança .

A fitoterapia – que utiliza plantas medicinais no tratamento – existe desde o surgimento das civilizações e está ganhando maior credibilidade. Não é ainda considerada especialidade médica pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), mas um método terapêutico que pode ser utilizado pelas diversas especialidades da Medicina. “De fato, é a forma mais antiga e tradicional de tratamento, mas com o decorrer do tempo, popularizou-se e passou a ser exercida por pessoas sem formação, de modo muito empírico e casual, o que lhe tirou a credibilidade”, afirma Ceci Mendes Carvalho Lopes, presidente da Associação Médica Brasileira de Fitomedicina (Sobrafito).

Para ela, o resgate depende de evidências científicas. “Na medida em que seja exercida sob um prisma científico e cuidadoso, terá seu lugar como opção. Entretanto, a fitoterapia deve ser entendida como um tratamento com benefícios e riscos como qualquer outro”, pondera.

A presidente da Sobrafito diz que existem correntes na classe médica que têm encarado a fitoterapia com outros olhos. Na Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), por exemplo, começa em agosto curso para o segundo grupo de médicos com o objetivo de estudar as virtudes das plantas, em uma parceria com a Sobrafito. A primeira turma, formada em 2006, reuniu 30 especialistas – clínicos gerais, ginecologistas, homeopatas, otorrinolaringologistas, cardiologistas, pediatras, pneumologistas e neurologistas. “Todos convencidos de que essa é uma opção de tratamento que precisa ser resgatada ”, acrescenta Ceci Lopes.

Na opinião do clínico geral João Bosco, professor da Faculdade de Medicina de Rio Preto, a fitoterapia vem sendo recuperada por três motivos: as pessoas estão mais preocupadas com a saúde e, conseqüentemente, com medicamentos menos agressivos; os gastos com a produção de remédios sintéticos estão altos; e a indústria farmacêutica percebeu que comunidades como índios e caiçaras detêm conhecimento sobre plantas.

Danilo Maciel Carneiro, homeopata e especialista em medicina preventiva, acrescenta que existem estudos sobre fitomedicamentos em vários países. O Brasil também conta com entidades de pesquisa. Em Goiás, há estudos feitos pela Universidade Federal (UFG) e Estadual de Goiás (UEG) que poderão futuramente originar fitoterápicos.

Ele diz ainda que o uso desses medicamentos em Goiânia é prática normal como em todo o País. “Só existe polêmica quando os fitomedicamentos são confundidos com remédios feitos com plantas desconhecidas, sem estudos básicos, e passados de forma aleatória.”