Tempo seco provoca alerta
Tempo seco provoca alerta
Moacir Cunha
Wanilce Arcanjo
Crianças brincam em campo de terra no Jardim Esmeralda: instituto de meteorologia alerta para queda na umidade nos próximos dias em Goiás. Os índices devem ficar abaixo de 30%. Especialistas indicam aumento no consumo de líquidos e evitar exercícios entre 10 e 16 horas
O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) declarou estado de alerta em Goiás. Nos próximos dias, a umidade relativa do ar ficará abaixo de 30%, o que levou o órgão a notificar a Defesa Civil, escolas e hospitais. Crianças e pessoas idosas são as mais atingidas pela alteração climática, que resulta da permanência de massa de ar seco sobre a região central do País. Em períodos anteriores, foi registrado nível de 10% em Brasília.
Até setembro, período crítico, os níveis serão ainda mais baixos, o que preocupa especialistas. Não há previsão de chuvas em Goiás para as próximas duas semanas. Segundo o meteorologista Manoel Rangel, do Inmet, a média histórica e estatística de chuvas para julho é de 11.8 milímetros. Mas, conforme informou, não deve chover nos próximos dias.
A recomendação do Inmet é para que as pessoas evitem exercícios físicos entre 10 e 16 horas, bem como exposições prolongadas ao sol. O órgão alerta ainda para os efeitos do clima entre crianças e idosos, que devem ingerir mais líquidos e evitar roupas de cor escura, que retêm mais calor. Outra medida é manter umidificadores nos ambientes como forma de minimizar os efeitos nocivos do clima no período.
As queimadas contribuem para a redução da umidade relativa do ar. Por conta disso, o Corpo de Bombeiros orienta as pessoas a não provocarem focos de incêndio, principalmente em áreas urbanas. A Defesa Civil registrou, em junho, 389 ocorrências somente na região metropolitana da Capital. Prossegue até setembro a Operação Estiagem, que tem por objetivo reduzir o número de incêndios e queimadas.
HOSPITAIS – Houve aumento de 40% do número de atendimentos nos hospitais da Capital. Casos de alergia são os mais comuns e reforçam a preocupação dos médicos. O Hospital Materno Infantil, que atende média de 300 crianças ao dia, teve aumento de 20% dos casos de faringite, uma das doenças comuns nesta época do ano. A poluição atmosférica resultante de queimadas tem levado mais crianças aos prontos-socorros.
A pneumopediatra Lusmaia Damaceno, professora do Hospital das Clínicas da UFG, disse que as mudanças climáticas observadas em Goiás são motivo de preocupação entre os especialistas. Ao perceber aumento de pacientes na unidade de saúde, ela recomenda a hidratação e uso de soro fisiológico, além da ingestão de mais líquidos.
“As crianças sofrem nesta época, e as escolas devem tomar como medida preventiva o uso de soro fisiológico e oferecer mais líquidos”, destaca. Outra recomendação é manter vasilhas e toalhas molhadas nos quartos e procurar atendimento médico em caso de tosse seca freqüente. A especialista alerta ainda para os riscos da exposição solar, fator que favorece maior eliminação de líquido pelo organismo.
Uma creche em Goiânia toma medidas para reduzir os efeitos do clima. Mantém nos ambientes vasilhas com água e toalhas molhadas. No período mais crítico, entre julho e setembro, a orientação é hidratar bem as crianças e o uso constante de soro fisiológico. A creche atende a 40 crianças e mantém pediatra no local. A coordenadora, Carmita Aparecida Crispim, diz que é comum sangramento no nariz e instrui o banho pela manhã e à tarde. Ela conta que duas crianças tiveram de ser atendidas por especialista em razão da baixa umidade. “As que têm rinite alérgica sofrem mais no período, por isso, alertamos as mães”, argumenta.