Muito trabalho pela frente
Muito trabalho pela frente
Armando Onório, 65, se aposentou como arquivista pela UFG, mas continuou na ativa como prestador de serviço, com horários flexíveis
Há quem chegue na terceira idade e, por escolha própria, continue se dedicando às atividades profissionais. A aposentadoria nem sempre representa um limite entre o mercado de trabalho e a vida ociosa. À frente da sua microempresa há 22 anos, o empresário José Coelho, 67, não abre mão de acompanhar, diariamente, tudo o que acontece na empresa. “Meus filhos estão ao meu lado na direção, mas faço questão de trabalhar todos os dias. Isso me faz sentir útil. Quero trabalhar até quando tiver saúde e disposição”, afirma.
Para a geriatra Fabrícia Ferreira de Moura, alguns idosos têm dificuldade em aceitar os anos a mais por não encontrarem um papel para si mesmos na sociedade. “Permanecer no mercado de trabalho pode ser uma experiência boa para aqueles que não conseguem se imaginar sem praticar alguma atividade profissional”, acrescenta. O servidor público Armando Onório da Silva, 65, aproveitou o incentivo da Universidade Federal de Goiás e, mesmo após a aposentadoria, voltou à ativa na mesma área onde trabalhou por muitos anos.
Voluntários
Armando Onório trabalha, atualmente, apenas como um prestador de serviço para a instituição de ensino. “Esse método de trabalho oferecido pela UFG é ótimo, assim concilio as outras atividades do meu dia-a-dia. A flexibilidade do horário me permite praticar esportes, por exemplo”, conta. Tomar consciência de que velhice não é sinônimo de parada no tempo e incentivar os idosos a atuar, após a aposentadoria, como voluntários em qualquer tipo de atividade que desperte prazer e bem-estar, são boas alternativas apontadas pela psicóloga Laura Machado.
A professora Lucimar Coelho Pena, 85, encontrou uma outra forma de aproveitar seus dias. Ela é uma dos quase 60 alunos que participam da Universidade Aberta à Terceira Idade (Unati), programa oferecido pela Universidade Católica de Goiás. O curso, que não tem caráter profissionalizante, tem o objetivo de oferecer uma educação continuada para uma boa qualidade de vida. As disciplinas oferecidas são as mais variadas possíveis, vão desde os aspectos biológicos e psicológicos do envelhecimento até a espiritualidade. O curso tem duração de um ano e meio e se divide em três módulos, os dois primeiros são aulas expositivas e o terceiro são as oficinas de convivência.
“Um dos momentos mais bonitos da minha vida foi participar da formatura. Vestimos beca e recebemos das mãos do reitor nosso certificado”, conta Lucimar. A aposentada diz ainda que o aprendizado na universidade não se limita ao conhecimento intelectual, mas também em experiências com os outros colegas. Lucimar, além de participar das aulas três vezes na semana, ainda encontra tempo e disposição pra praticar musculação, hidroginástica e passear no shopping com seus netos.
Experiência
As denominações são várias para essa fase da vida: velho, idoso, coroa, da terceira idade, de idade, da melhor idade etc. A variedade de nomes é muito grande e cai de moda muito rápido. Para a psicóloga Laura Machado, nada disso importa, o melhor é capitalizar a experiência como base para uma nova forma de encarar a velhice. É a hora de reinventar maneiras de viver. Atualmente, a ciência e a tecnologia são fortes aliadas do envelhecimento com qualidade. Medicamentos, vacinas, cura e prevenção de doenças são alguns benefícios proporcionados pelo desenvolvimento científico.