UNE discute maconha

Jornal Diário da Manhã, 10/07/2007

UNE discute maconha

O goiano Tales de Castro Cassiano, 21, eleito vice-presidente da Unio Nacional dos Estudantes (UNE) no ltimo final de semana, tem como proposta discutir a discriminalizao do uso da maconha no Brasil

O goiano Tales de Castro Cassiano, 21, eleito vice-presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE) no último final de semana, tem como proposta discutir a discriminalização do uso da maconha no Brasil

Moacir Cunha
Da editoria de Cidades

A discriminalização do uso da maconha é tema que o goiano Tales de Castro Cassiano, 21, eleito vice-presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE) no último final de semana, pretende colocar em pauta nas universidades brasileiras. Em entrevista ao DM, disse que a juventude tem uma proximidade muito grande com as drogas, mas o governo não tem mostrado sensibilidade em discutir a questão. Hoje, a política de repressão do Estado não abrange a educação e o tratamento de usuários. “Falta uma política pública para debater o tema”, pondera, acrescentando que é preciso levar em conta a soberania do indivíduo, que pode optar ou não pelo uso da droga.
Para ele, o tema merece discussão aprofundada que resulte na responsabilização do Estado, que deve amparar o usuário e investir em educação. Critica a repressão como forma de coibir o uso da maconha e diz que a liberdade individual tem de ser levada em consideração. Segundo ele, o poder público tem de discutir questões como o tráfico e a venda de entorpecentes, bem como a segurança pública.
Sobre as penalidades ao usuário, ele diz que é provado cientificamente que a maconha prejudica menos que o álcool, que é vendido livremente, mas ainda não foi legalizada. Para debater este e outros temas, ele espera mobilizar a categoria estudantil em caravanas, realizadas semestralmente, reunindo todos os Estados brasileiros. Além disso, quer visitar, periodicamente, as universidades, propor mudanças e ampliar a interlocução com o governo.
Comentou ainda que não faz apologia ao uso de drogas, mas alimenta a preocupação com a abordagem feita atualmente em torno da questão. Segundo ele, de nada adianta ter um aparelho repressor se não apresentar medidas de conscientização, educação e tratamento. “Não faço apologia ao uso de drogas, mas entendo que é preciso discutir a segurança pública, bem como o direito dos usuários, que são livres para fazer opções”, revelou.

MObilização – Ainda em 2002, quando presidia o grêmio do Colégio de Aplicação da UFG, já mobilizava a categoria estudantil em prol da luta por melhorias no ensino. Agora, pretende ampliar a participação dos Estados e da União Estadual dos Estudantes (UEE). A disposição para a luta fez com que participasse da retomada de terreno de propriedade da UNE, localizado no Rio de Janeiro e utilizado clandestinamente como estacionamento.
O tema tomou as atenções do militante, que reivindicou a área, doada por Getúlio Vargas em 1947. A propriedade agora abrigará a sede administrativa da entidade. Antes disso, o terreno foi ocupado por estudantes durante bienal realizada neste ano. “Levamos oito mil estudantes para o local como forma de protesto”, conta.
Como propostas, ele espera levar adiante temas como a democratização estudantil, por meio de eleições diretas, e projeto de reforma universitária próprio, a ser apresentado pela entidade. Segundo ele, o movimento estudantil não pode ser pautado pelo governo federal e uma das maneiras de resolver impasses é participar ativamente da coordenação de movimentos sociais.
Ele conta que é preciso fortalecer a União Estadual dos Estudantes (UEE), bem como organizar projetos de extensão nas universidades. Tudo em caráter popular para estimular a discussão de temas recorrentes entre os estudantes. O Movimento Mudança, segundo ele, defende orçamento participativo e a democratização dos meios de comunicação de massa e revisão das concessões. “Queremos propor mudanças e ampliar o debate de idéias”, revelou.
Outra prioridade da atual gestão é a abertura dos arquivos da ditadura militar. O dirigente levou o tema a público durante a realização do 50º congresso da entidade, realizado recentemente e que culminou com uma marcha contra a política econômica do governo federal. “Essa política aumenta a exclusão social e a marginalização, pois não há investimentos em educação.”