Laudos reprovam 14 marcas de leite
Jornal O Popular, 13/07/2007
Laudos reprovam 14 marcas de leite
Amostras analisadas na UFG, a pedido do Procon-GO, apontam produtos com coliformes fecais ou fora dos padrões no leite de saquinho, tipo C
Mariza Santana
Análises feitas pelo Centro de Pesquisa em Alimentos (CPA) da Escola de Veterinária da Universidade Federal de Goiás (UFG) em 16 marcas de leite pasteurizado tipo C, o leite de saquinho, apontaram que 14 foram reprovadas, das quais 6 são reincidentes. Entre as irregularidades apuradas está a presença de coliformes fecais, água oxigenada e formol, além de apresentar níveis de gordura e acidez abaixo dos valores estabelecidos para o produto. Os exames foram realizados a pedido da Superintendência Estadual de Proteção aos Direitos do Consumidor (Procon-GO). Os laticínios que fabricam as marcas responsáveis foram autuados e estão sujeitos a multas que variam de R$ 213,00 a R$ 3,1 milhões.
De acordo com o superintendente em exercício do Procon-GO, Wesley Nunes dos Santos,a coleta do leite foi efetuada no período de 22 a 28 de junho último, por fiscais do órgão, em pontos de venda (supermercados) de Goiânia. Eles recolheram os saquinhos das 16 marcas, que foram acondicionados em uma caixa de isopor com gelo e encaminhados para exame no CPA. Das 14 marcas analisadas, 6 já haviam apresentado problemas semelhantes em avaliação anterior do laboratório, encomendada em março de 2006 pelo Sindicato dos Médicos Veterinários do Estado (Sindivet-GO) e divulgada em junho último pelo Procon-GO.
A realização de novas análises, explica Wesley Nunes, aconteceu devido a cobranças do Ministério Público e da Associação das Donas de Casa de Goiás (ACD), que desejavam mais informações técnicas sobre a qualidade do leite de saquinho comercializado na capital. “Produtos fora do padrão ferem o Código de Defesa do Consumidor”, destaca. O superintendente explica que os laudos de um ano atrás foram contestados devido a sua antigüidade, mas agora os novos laudos são recentes. Além disso, as análises foram feitas por um laboratório cuja eficiência técnica é reconhecida pelo Sindicato das Indústrias de Laticínios do Estado (Sindileite).
O gerente de Fiscalização do Procon-GO, Sebastião Natal, informa que, segundo determina o Código de Defesa do Consumidor, como a denúncia é relativa a alimentos e se configura em crime contra a saúde pública, a questão será encaminhada ao Ministério Público para que sejam tomadas as medidas legais. Os laudos das amostras de leite reprovadas serão remetidos ao MP para constarem do processo.
Como o leite é um produto que não pode faltar na mesa das famílias (principalmente para crianças e idosos), devido a seus aspectos nutricionais e, portanto, precisa ter qualidade, ressalta Wesley Nunes.
Donas de casa cobram solução rápida
A presidente da Associação das Donas de Casa de Goiás (ACD), Maria das Graças Santos, avalia que o elevado número de marcas de leite tipo C de saquinho reprovadas demonstra a “omissão” dos órgãos que deveriam fiscalizar os latícinios (Agrodefesa e Ministério da Agricultura).
Maria das Graças lamenta que a denúncia a respeito da má qualidade do produto, feita há mais de um ano, ainda continue sem solução. “Estou estarrecida. Nossas famílias correm risco ao consumir produtos fora dos padrões. Precisamos de ter a garantia de que os alimentos são saudáveis”, ressalta. A presidente da ACD garante que a entidade continuará acompanhando o caso e cobrará providências do Ministério Público, para que a questão não caia no esquecimento.
O presidente do Sindileite, César Helou, por meio da assessoria de imprensa, questionou a forma de coleta do leite para análise, que poderia não estar de acordo com os padrões técnicos exigidos. De posse dos resultados do laboratório da UFG, informou, a área técnica da entidade fará uma avaliação detalhada dos laudos. Porém, quem estiver errado, que seja punido,completou.
Já a assessoria de imprensa da Agência Goiana de Defesa Agropecuária (Agrodefesa) informou que a autarquia não iria se pronunciar sobre o assunto porque não acompanhou o processo e, portanto, estava impossibilitada de emitir qualquer juízo.