Revitalização das nascentes
Jornal Diário da Manhã, 28/07/2007
Revitalização das nascentes
Ricardo César Goyá
Da editoria de Cidades
Não por acaso Goiânia sustenta o título de “Cidade mais arborizada do País”. A Agência Municipal do Meio Ambiente (Amma) já plantou cerca de 30 mil mudas na recuperação de matas ciliares e nascentes da Capital. Há seis meses, o projeto Recuperação de Matas Ciliares, rios e corrégos investe pesado no reflorestamento de áreas verdes degradadas, principalmente pelo crescimento desordenado da cidade. Técnicos avaliam que a medida ajudará na contenção de erosões, além de incrementar a qualidade de vida dos goianienses.
As frentes de trabalho já concluíram o plantio em 10 localidades, em diferentes regiões da Capital, apenas nos primeiros seis meses deste ano. O trabalho não pára por aí. Está previsto para até o fim do ano a superação do resultado obtido de janeiro a junho. As novas áreas vão receber limpeza de entulhos, preparo do solo com terra própria para o cultivo, plantio de árvores típicas do Cerrado – angico, pindaíba e pororoca –, até serviços de manutenção após o plantio.
A previsão é de que dentro de cinco anos as árvores plantadas adquiram estatura mediana e cumpram o seu papel: não deixar que os cursos dágua morram. Córregos Areião, Água Branca e Semidouro, nascentes do Parque Sabiá, Taquaral e Areião são algumas que têm chances de ser preservadas, graças à conclusão dos trabalhos. Jequitibá, ingá, pororoca, pau-formiga, angico e embaúba são algumas das espécies plantadas. “A educação ambiental de cada cidadão conta muito para preservar”, diz o gerente de Arborização Urbana, Antônio Reis.
A nascente do Córrego Água Branca, região leste, é um exemplo das melhorias levantadas. Tida como área problemática, conforme o chefe do Núcleo de Monitoramento Ambiental, Ramiro Cristiano Martins de Menezes, os primeiros frutos já podem ser observados. Uma ocupação irregular trazia série de fatores que evocavam a degredação da área, com erosões, lançamento de esgoto, assoreamento e até o desvio do córrego. “Foram 126 caminhões de entulhos retirados para que 300 mudas fossem plantadas no local”, diz Antônio.
Em parceria com a Companhia Municipal de Obras (Comob), no último mês de maio, as famílias foram transferidas para local seguro e todo o entulho da demolição e lixo depositado ao longo do manancial foram retirados para que o plantio de mudas de espécies nativas do Cerrado às margens do córrego ocorresse. O gerente de Urbanização Urbana prevê que as mudas plantadas ajudarão a reter a umidade do solo e a evitar erosões na área atingida por este problema. “Agora, a nascente estará mais protegida da degradação ambiental”, explica.
No Córrego Semidouro, o mesmo processo garantiu uma nova cara ao Parque Flamboyant, que aguarda inauguração da prefeitura. Há mais de um ano o Núcleo de Arborização Urbana desenvolve a recuperação da nascente que está encravada no novo coração do Jardim Goiás. A devastação sustentada durante anos cedeu lugar a duas mil árvores. “A revitalização deste espaço vai garantir a manutenção da bacia de recarga – por onde a água entra no lençol freático”, analisa.
A nascente e o curso do Córrego Areião sofriam com a presença de construções às margens do leito. Isso colaborou para que do Setor Pedro Ludovico até a Rua 88, no Setor Sul, em cerca de 2 quilômetros, o trecho do manancial assoreasse e se transformasse em erosões, além de favorecer a poluição hídrica: moradores lançavam lixo e esgoto no local. Por causa da ocupação indevida, que promoveu a excessiva impermeabilização da área. Em épocas de chuva, a água corria de maneira mais rápida sobre o asfalto, ocasionando enxurradas.
Esse quadro mudou. Boas pitadas de educação ambiental com os moradores da área garantiram o plantio de 10 mil mudas nas nascentes que contribuem para um dos cartões-postais da cidade. Cada muda plantada sai por R$ 13. Parceria com a Universidade Federal de Goiás (UFG) garantiu à Amma todas as espécies utilizadas para salvar as nascentes a partir do período chuvoso. A intenção agora é de aumentar a produção. Das 120 mil mudas/ano, o gerente municipal de Meio Ambiente, Clarismino Júnior, antecipa que saltará para 400 mil. “Assim, boa parte das nascentes será salva”, diz Clarismino.