Pesquisas crescem 100%

Jornal Diário da Manhã, 04/08/2007

 

Pesquisas crescem 100%

Thatiane Rocha Abreu

A produção científica da Universidade Federal de Goiás (UFG) apresenta crescimento superior a 100% nos últimos 10 anos. Entre 1996 e 2006, as publicações saltaram de 36 para 178. Os dados são do levantamento da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior do Ministério da Educação (Capes), que catalogou os avanços nas pesquisas em 107 universidades brasileiras. No ranking nacional, a unidade goiana está na 27ª colocação. As primeiras colocadas foram USP, Unicamp e UFRJ.
Na lista de novos estudos realizados na unidade, estão o uso de células-tronco para tratamento de doenças como câncer, melhoramento genético de plantas do Cerrado e combate à cegueira via radioterapia. Além disso, são desenvolvidas pesquisas em mais de 16 áreas distintas. Entre elas, Informática, Letras, Música, Educação, entre outras.
O coordenador de Transferência e Inovação Tecnológica da UFG, professor Jorge Teodoro Pádua, diz que a universidade tem mais de 200 grupos de pesquisa cadastrados no Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) em todas as áreas. Segundo ele, a grande limitação da instituição é quanto ao repasse de recursos financeiros. “As universidades da Região Sudeste acabam recebendo mais incentivo do governo.” Ele diz que o envio de verbas é feito a partir do aumento de projetos científicos divulgados por cada universidade. “Quanto mais trabalhos forem produzidos, mais chances temos de receber apoio financeiro.”
Os números divulgados pela Capes não refletem a realidade de produção da UFG, segundo a pró-reitora de Pesquisa e Pós Graduação, professora Divina das Dores de Paula. Ela comenta que o levantamento avaliou apenas o percentual de projetos científicos divulgado em revistas estrangeiras. Divina das Dores ressalta que o número de trabalhos publicados pela UFG é mais expressivo. Em 2006, por exemplo, informa que, incluindo os projetos dos professores que não pertencem ao quadro de pós-graduação permanente da universidade, foram apresentados 929 projetos. Entre eles, projetos científicos nacionais e estrangeiros, além de participações em livros. A pró-reitora destaca as áreas biológicas, agrárias e saúde como as principais produtoras de pesquisas na universidade. “Com maior investimento financeiro, poderíamos estar produzindo muito mais”, salienta.
realidade – Pesquisador e doutor em Agronomia, o professor Lázaro José Chaves é responsável por uma pesquisa em melhoramento genético de plantas do Cerrado que tem por objetivo promover estudos de genética de populações de espécies nativas do Cerrado com potencial agronômico, como subsídio à sua conservação e seu uso sustentável. Para o professor, o importante nas pesquisas é quando estas deixam a esfera científica e vêm para prática, ajudando em algum setor da sociedade. Ele diz que a área de Pesquisa na UFG começou a alavancar melhores resultados nos anos 80 e destaca que desde essa época as áreas de estudo na universidade começaram a crescer. “As pesquisas beneficiam o Estado onde elas se concentram; então, quanto mais descobertas importantes forem feitas, mais o Estado ganhará.” A UFG custeia as pessoas envolvidas na pesquisa e cede a infra-estrutura, mas uma pesquisa precisa de mais patrocínio.
Na área de Biologia Celular, despontam pesquisas em células-tronco, que começaram a ser realizadas em maio de 2006, orientadas pela pós-doutora Lídia Guilles. As células de camundongo foram doadas pela Universidade de São Paulo (USP). Tais pesquisas, segundo a professora-responsável, buscam compreender a proliferação dessas células no organismo, através de nanos (partículas magnéticas que tiveram material doado pelo departamento de Química da Universidade Federal de Goiás).
Assim essa pesquisa pode ajudar pessoas acometidas pelo mal de Alzheimer, Parkinson e infarto, detectando onde se concentra a lesão, se no cérebro ou coração. “Através desse sistema das nanopartículas é possível dectectar, pela ressonância, onde está localizada a lesão para ser implantada no lugar uma nova célula, que irá se proliferar”, explica a professora-responsável Lídia Guilles.