Máquina em vestibular
Jornal Diário da Manhã, 08/08/2007
Máquina em vestibular
Wanda Oliveira e Thatiane Rocha Abreu
Goiânia é referência em cursinhos e escolas particulares. A Capital é uma das mais procuradas por estudantes de outros Estados, principalmente da Região Centro-Oeste. O índice de aprovação de candidatos goianos em vestibulares aumentou de maneira significativa nos últimos anos. O Exame Nacional de Ensino Médio (Enem) mostra que colégios como WR, Visão, Classe, Protágoras, entre outros, são líderes neste mercado. O resultado é o ingresso de alunos cada vez mais jovens em famosas instituições de ensino superior do País, como as universidades de Brasília (UnB), de São Paulo (USP), de Campinas (Unicamp), Estadual de São Paulo (Unesp) e Federal de Goiás (UFG).
Alunos de outros Estados, como Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Bahia, Tocantins, Pará e Distrito Federal vêm para a Capital em busca de qualidade e boa formação educacional. Segundo professores e proprietários de cursinhos, a metodologia desses estabelecimentos de ensino particular é fazer com que seus alunos aprendam e não somente sejam aprovados nos vestibulares. O resultado do trabalho é a superioridade das escolas privadas em relação às públicas.
O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) mostra que, em Goiás, a média de desempenho dos alunos das instituições particulares é de 54,178 em relação a 39,674 das estaduais, conforme estudo divulgado em 2006. Estudantes dos colégios WR, Visão, Dinâmico e Disciplina apresentam as melhores médias do Enem. O goiano Frederico Ribeiro Pires, 18, tem motivos para comemorar. Ele foi aprovado no vestibular de junho deste ano da Universidade de Brasília (UnB) para Medicina. Estudante de um cursinho particular de Goiânia, ele eliminou cerca de 88 candidatos que disputavam uma das vagas.
Para ele, o ensino médio foi fundamental para sua aprovação, embora admita que a preparação em um cursinho serviu ainda mais para reforçar o seu aprendizado e ajudá-lo a alcançar a vaga. Um dos gênios ou caxias das maratonas pelo País, o estudante Thiago de Castro Rigo, 21, mudou-se recentemente de Goiânia para São Paulo após ter passado em seis das melhores universidases do Brasil. Ele fez o ensino médio no colégio WR. Terminou o curso aos 17 anos. Em 2004, passou para Engenharia de Produção Mecânica na UnB, USP, UFSCAR, UFSC e UFRJ, além de Engenharia da Computação na Unicamp. Ele conta que os goianos são conhecidos como “ladrões” de vagas. “Tem gente que curte e diz: o que esses goianos querem aqui? Por que eles não ficaram na terra deles mesmo?”, brinca.
A rotatividade confirma que Goiânia é um centro formador de feras. O estudante Clauser Roberto Sousa Lima, 17, deixou Barreiras (BA) e veio para Capital se preparar. Ele seguiu os passos do irmão mais velho, que veio estudar em 2004. Clauser já esteve em Brasília e Salvador, mas afirma que Goiânia é melhor nesta área. “Estou sendo bem preparado, porque aqui o ensino está voltado para o vestibular.”
Líderes – O Colégio Protágoras é um dos líderes em aprovação. Por ano, em média, oito alunos entram nas principais universidades do País. O ingresso em Medicina é uma marca nos últimos anos. Deste grupo, a maioria é aprovada na UFG, Unicamp, UnB e UFU. Segundo Marcos Antônio de Souza Araújo, diretor do colégio, a instituição investe na equipe de professores. O aluno também é separado por nível e aprende a estudar de maneira correta, além de realizar simulados toda semana.
Para ele, a procura significativa de estudantes de outros Estados por Goiânia ocorre pelo excelente nível de ensino e qualidade. Ele diz que já atuou em cursinhos no Rio de Janeiro, São Paulo, Distrito Federal e Minas, mas nunca viu nível escolar excelente como o de Goiânia.
Para a coordenadora do WR, Mirtes Brito, não existe fórmula mágica para passar no vestibular a não ser pela sua própria determinação. Para o diretor pedagógico do Colégio Classe, Ivano Gomes Pereira da Silva, um cursinho é avaliado pelo seu índice de aprovação e por isso os estudantes de outras cidades procuram a Capital. Segundo ele, em média, por ano, 30%, cerca de 60 alunos do colégio, são aprovados em universidades famosas como UFG, UFU, UnB, Fuvest e USP.