Fidelidade vale desconto
Jornal Diário da Manhã, 11/08/2007
Fidelidade vale desconto
Rodrigo Viana
Da editoria de Economia
Adalberto Ruchelle
“Os cálculos dos empréstimos bancários são feitos com base na relação risco-retorno. Quanto mais se conhece o cliente mais confiável ele fica”, garante o economista e mestre Marcos Antônio Teodoro
Quanto mais tempo um cliente mantém sua conta num mesmo banco, maiores serão as vantagens, principalmente para concessão de empréstimos e financiamentos. Quem comprova isso é o novo estudo publicado pelo Banco Central do Brasil (BC), que aponta que clientes com mais de dez anos de casa têm cerca de 10% a menos de juros que um novo correntista.
O Relatório de Economia Bancária e Crédito avaliou que, no ano de 2006, a média da taxa era de 54,61% ao ano para quem tinha de um ano a 1,5 ano de conta-corrente. Para quem tinha mais de dez anos, o percentual era de 44,72% anuais. Mesmo com a cobrança mais alta do mercado, clientes recentes são os que mais recorrem ao banco para sair do sufoco ou financiar novos negócios e correspondem a 30,66% das operações. Em segundo lugar estão os correntistas mais antigos, são 20,91% das operações.
O mototaxista Enivaldo da Cruz Ribeiro foi um dos que entraram no banco pensando especificamente na verba para outros projetos. Ele conseguiu um crédito pré-aprovado no Banco do Brasil específico para construções. “Em um mês, espero começar a alugar as salas comerciais próximas ao Buriti Shopping”, conta o empreendedor, que também se desdobra na função de caixa de uma loja no shopping.
Os juros mais baixos não significam maior valor emprestado. O relatório do BC calcula que está disponível uma média de R$ 19.163,29 para quem tem mais de dez anos de banco. Quem está na mesma instituição de 4 a 6 anos é quem consegue os maiores valores: R$ 22.404,31 a 47,05% ao ano em média.
“As instituições financeiras calculam as taxas com base no risco de um calote. Quanto mais garantias o cliente tiver, menores são os juros. O histórico no banco demonstra o quão apto ele é para pagar contas.” Quem esclarece é o economista e mestre em Finanças da Universidade Federal de Goiás (UFG), Marcos Antônio Teodoro. “Os dados do correntista na instituição dirão se ele paga as contas em dia ou se sobra dinheiro da sua renda para pagar financiamentos. Garantias de pagamento como casas ou carros provam ao banco que a chance de reaver o dinheiro é maior”, detalha.
São cerca de 27% de diferença de juros entre uma operação classificada de A (menos arriscada) a H (mais arriscada), segundo dados do BC. Clientes mais confiáveis podem sair com dinheiro a 40,57% ao ano. E por isso, recebem uma média de R$ 25.750 a cada operação concluída. Aqueles sem muitas garantias amargam os 67,13% a mais que terão de devolver ao credor. A diferença das taxas entre operações com e sem garantias é de 6,58% ao ano, 43,97% e 51,55%, respectivamente.
“Além de histórico e garantias, existem diferenças grandes entre empréstimos para pessoas física e jurídica. As empresas também entram nestas vantagens, pois geralmente têm mais de um dono, o que facilita na hora de pagar. Os bancos também têm mecanismos. Alguns calotes de companhias podem ser deduzidos dos impostos”, declara o economista Marcos Antônio.
TROCA – Será possível ao correntista trocar de instituição financeira no caso de encontrar condições melhores de pagamento de empréstimo. A Resolução 3.401 do Banco Central, de 6 de setembro de 2006, permite que a movimentação possa ser feita desde que seja vantajoso para o novo banco.
Para os bancos, a vantagem é fazer com que, oferecendo juros menores e prazos maiores para a quitação da dívida deste correntista, o estabelecimento ganhe com a abertura de conta e venda de diversos outros serviços ao novo cliente.