Cotas na UFG são estelionato
Jornal Diário da Manhã, 21/08/2007
Cotas na UFG são “estelionato”
Divone M. Melgaço é feirante, pobre, mas seus três filhos estudaram em escolas particulares; dois passaram em Medicina na UFG, um vai tentar. Pedro Dimas é dono de banca de jornal; formou 5 filhos médicos, um em Odontologia e um em Enfermagem. Silas Mendes é motorista de táxi, tem um filho cursando Medicina na UnB e outro cursando escola privada muito boa em Goiânia, preparatória para Medicina (Colégio WR). São pessoas pobres, mas que priorizaram a Educação; eles mesmos não tiveram escolaridade, mas investiram tudo em escolas dos filhos para os tirarem da pobreza. Hoje, o prêmio que receberão por todo o sacrifício é verem seus filhos passados para trás por filhos daqueles que não fizeram sacrifícios e não os tiraram das escolas públicas. Dona Divone, seu Pedro, Silas, todos terão os sonhos dos filhos abortados, pois não são ricos a ponto de pagar Medicina na Católica, ou em escola particular. Cursos de Medicina em escolas particulares são só para ricos, aqueles que, junto com os pobres, os governos não cansam de ajudar (vide o lucro dos bancos, das empreiteiras, etc).
Para fazer demagogia, a UFG está abrindo cotas para escolas públicas, como se esta medidazinha midiática, que vai atingir uma dúzia de alunos, fosse resolver o problema dos milhões de alunos matriculados nas péssimas escolas públicas do Brasil. Medidas realmente efetivas , mas custosas politicamente, eles não querem tomar. Por exemplo : por que simplesmente não melhoram o ensino médio público e o tornam competitivo ? Ou, se não dão conta disso, por que não pagam para as escolas particulares ensinar os filhos de pobres (bolsas)? Por que não cobram dos alunos da UFG que podem pagar? (eu mesmo, que tenho filho na UFG, poderia pagar uma mensalidade, e, com estas mensalidades, poderiam contratar mais gente e aumentar o número de vagas de muitos cursos). Por que não trabalham mais e não abrem mais vagas na Medicina e, com estas vagas, sim, aí eles podem fazer demagogia para as escolas públicas.. As vagas que estão lá já são “direito adquirido” da população, daquela população honesta, trabalhadora, que morre de pagar impostos.
Agora, se o governo quer se desobrigar da Universidade, como já o fez com a saúde, tudo bem; então que diminua a carga tributária, uma vez que está deixando de prestar aquele serviço (se a feirante D. Divone não pagasse tanto imposto, talvez ela conseguisse colocar um filho em faculdade particular de Medicina). Se ele continua aumentando a carga tributária a cada dia e está diminuindo serviços, isto não passa do mais descarado estelionato (cadê o Ministério Público, cadê o Judiciário ?). Deixar de aprovar um aluno só porque estudou em escola privada é discriminação, e isso é crime, previsto na Constituição! Por que discriminar o filho de D. Divone, pessoa pobre e lutadora, só por que estuda em escola privada? Só por que é branco? Só por que não mora em favela? (a UnB agora vem abrir cotas para moradores de favela, ou seja, hoje, é uma universidade que discrimina estudantes brancos, que não moram em favela, que estudaram em escola particular, que não são índios, não são de Angola ou Moçambique, etc. – tanto é que, de suas vagas, hoje, muito poucas são destinadas, de fato, para concorrência intelectual). Em nome desta palhaçada demagógica, agora discriminam os pais, que lutaram e se privaram de tudo para ver o filho em um curso universitário? Só por que este presidente, ao invés de estudar, ficou jogando peladas, seguindo o Corinthians, tomando cachacinha e fazendo churrasco na laje?
O que fazer com os milhares de estudantes que trabalham para pagar um cursinho em escola particular? (aqueles que são responsáveis e querem fugir das drogas, violência, professores descompromissados, greves e ineficiência das escolas públicas). Serão também discriminados, punidos por seu esforço? Se o governo quer fazer justiça, então que dê um ensino médio público de qualidade (ou bolsas), que aí então vá fornecer as mesmas condições de concorrência intelectual entre os alunos. Por que não abre mais vagas, estas, sim, direcionadas especificamente para as escolas públicas? Agora, retirar as poucas vagas que já existem, isto é atentar contra direitos adquiridos de quem paga impostos há décadas.
A classe média, que é quem sustenta o Brasil (pobres e ricos detêm as benesses), não pode aceitar mais este estelionato patrocinado por estes pelegos sindicalistas, funcionários públicos e por políticos que querem fazer demagogia com a mão alheia. Se o governo quer se demitir da Saúde e da Universidade, como é o caso aqui, então que reduza a carga tributária de 40% para 20%, que deixe de recolher mais este estelionato chamado CPMF, que mantenha os incentivos fiscais, etc.