Educação informal

Jornal Diário da Manhã, 27/08/2007

Educação informal

Cleusmar Mendonça Cunha é dono de três lan houses. Ele diz que, quando as casas de computadores foram implantadas, os jogos, marcados pela violência, respondiam por 90% da freqüência. “Hoje, 80% dos usuários preferem entrar no messenger para bater-papo ou então no orkut.” O movimento caiu, segundo ele, porque aumentou a oferta. “Tudo que vem em excesso faz mal.”
Para Cleusmar, a popularização dos computadores domésticos contribuiu para a queda. “O pessoal joga muito em casa.” Ele também acha que os viciados cresceram e trocaram de hábitos. “Os jogos são sempre os mesmos. O cara prefere conversar com a gatinha.” Embora o horário de pique se manifeste nos fins de semana, a febre dos jogos, na opinião dele, já passou. E, para justificar o apego dos mais novos à violência, observa a bilheteria dos cinemas. “Que filme tem mais fila, Duro de Matar ou Primo Basílio?,” indaga.
Jornalista e professor da Faculdade de Comunicação da Universidade Federal de Goiás (UFG), Magno Medeiros diz que a televisão educa de maneira informal, por meio do entretenimento, mas que a educação formal é responsabilidade da escola. “A TV tem um apelo consumista imediato, compreensível como fonte de renda. Ela reflete a sociedade na qual está inserida, mas também constrói valores, ideologias e representações através do que edita e transmite.” Atentar para estes detalhes evita recaídas em manipulações.

Banalização – A TV, segundo Magno, trabalha com o princípio do espetáculo. “Ela transforma tudo num grande show, para atrair a visão do espectador.” Daí decorrem, pela reprodução dos conteúdos agressivos, a banalização da violência e a indiferença social. “O perigo é a sociedade ficar menos indignada, gradualmente anestesiada.”
Notícias tratadas com sensacionalismo também são transformadas em mercadorias para consumo rápido, de fácil esquecimento. Por isso, assistir TV em família pressupõe uma discussão, ainda que breve, sobre a seqüência atordoante e ininterrupta de imagens.