UNE vai homenagear goiano

Jornal O Popular, 30/08/2007

UNE vai homenagear goiano

Durante solenidade na câmara de Goiânia, presidente diz que sede da entidade terá busto de Honestino Quimarães

Cristiano Borges

Lúcia Stumpf diz que leis de cotas são apenas “paliativo”

Patrícia Drummond

Um busto em homenagem ao goiano Honestino Guimarães, ex-presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE) e desaparecido político nos anos 70. Esta foi uma promessa da nova presidente da entidade, Lúcia Stumpf, de 25 anos, ao irmão de Honestino, Norton Guimarães, durante sessão especial, realizada na noite de terça-feira, da Câmara de Goiânia, em homenagem aos 70 anos da UNE e à memória do líder estudantil assassinado pela ditadura militar. Lúcia garantiu que a estátua será erguida na antiga sede da entidade, a ser reconstruída na Praia do Flamengo, no Rio de Janeiro, com projeto do arquiteto Oscar Niemeyer.

Aos jovens colegas de militância, a presidente da UNE lembrou que um dos grandes desafios da atual gestão será assegurar os direitos dos estudantes das instituições particulares de ensino, “para que eles não sejam humilhados quando não dispõem de recursos para pagar seus cursos”. E destacou que, na tentativa de unir cerca de 5 milhões de universitários matriculados em todo o Brasil, vai procurar “diversificar a pauta” da entidade, falando, por exemplo, do machismo e dos direitos das mulheres. “Trabalharemos, na nossa gestão, para que os debates sejam mais quentes, mais próximos à realidade dos jovens, como a descriminalização do aborto, a questão das drogas e da homofobia. São temas sociais e comportamentais que, assim como a Educação, são importantes e estão presentes no dia-a-dia da maioria dos estudantes”, acrescenta.

De acordo com Lúcia Stumpf, nas universidades públicas a principal bandeira da UNE é a ampliação do número de vagas e o aumento do investimento na estrutura física das instituições, incluindo a contratação de professores e de técnicos-administrativos. Além disso, afirma, há a necessidade de criação de um Plano Nacional de Assistência Estudantil, que inclua moradia, restaurante universitário e bolsa transporte, entre outros benefícios. A nova presidente da UNE defende o sistema de cotas, “mas apenas como solução paliativa”, para resolver o problema da exclusão e faz algumas ressalvas ao Plano de Reestruturação e Expansão (Reuni) proposto pelo Ministério da Educação (MEC).

Política, não
Na opinião de Lúcia, o Reuni é positivo por partir da perspectiva da ampliação de vagas nas instituições públicas de ensino superior, mas deixa a desejar quando não prevê no orçamento da União o aumento de recursos para as universidades, “ferindo-lhes a autonomia, já que só recebem aquelas que aderem ao Plano”. Reforma política, financiamento público das campanhas eleitorais e fidelidade partidária são outras bandeiras defendidas por ela, que descarta, entretanto, qualquer futuro como parlamentar – ainda que seja, atualmente, filiada ao PCdoB. “Fujo veementemente deste caminho. Não me vejo em um gabinete elaborando leis; não por desacreditar na política convencional, mas por uma questão de perfil. Quero continuar militando, mas nos movimentos sociais”, declara a jovem, lembrando que a paixão pelas “causas coletivas” nasceu quando ela era aluna da 5ª série, ainda criança, aos 11 anos, com as manifestações do Fora Collor, em 1992.

Ontem pela manhã, após participação no Bom Dia, Goiás, da TV Anhanguera, a presidente da UNE foi recebida em audiência pelo prefeito de Goiânia, Iris Rezende. No encontro – do qual também participou o assessor municipal para assuntos da Juventude, Leonardo Reis –, o prefeito falou da importância do movimento estudantil e ressaltou que a UNE é uma “universidade política”.