UFG discute adesão à Universidade Nova

Jornal Tribuna do Planalto, 10/08/2007

UFG discute adesão à Universidade Nova

Lucimeire Santos

O projeto Universidade Nova, que propõe a reformulação do ensino nas Instituições Federais de Ensino Superior (Ifes), será discutido em quatro seminários, por área acadêmica, dentro da Universidade Federal de Goiás (UFG). O primeiro debate ocorre na próxima quarta-feira, 15, no auditório da Faculdade de Medicina, a partir das 8 horas. Uma comissão do Conselho Universitário está discutindo o posicionamento da UFG em relação à proposta, que pretende uma reestruturação ampla nas diretrizes curriculares das Ifes. A universidade só decidirá se adere à proposta depois de votação, que será realizada no dia 24, no Conselho Universitário.

Pelo projeto, apoiado pelo Ministério da Educação (MEC) e liderado pelas federais da Bahia e de Brasília, os estudantes ingressariam nas universidades sem fazer escolha prévia do curso. Fariam um ciclo básico de aproximadamente dois anos, chamado de bacharelado interdisciplinar, nas áreas de humanidades, artes, ciências ou tecnologias. Depois disso, escolheriam a carreira específica a seguir. Porém, há falhas na proposta, segundo especialistas.

Para o assessor especial da reitoria da UFG, professor Nelson Amaral, o modelo poderia estabelecer uma competição entre os alunos, que, uma vez matriculados nas áreas de conhecimento mais abrangentes, mais tarde empreenderiam uma disputa por vagas em cursos de maior prestígio, como Medicina (no caso da área de saúde), provocando a evasão nos demais, como Farmácia ou Enfermagem.

Outro aspecto apontado é que a proposta ampliaria o tempo de permanência do aluno na universidade. Conseqüentemente, com o aumento do tempo de formação, poderia haver uma debandada de alunos para as instituições privadas ou estaduais. Estes pontos são o escopo do que será apresentado nos seminários da UFG. Contudo, desde já a Comissão do Conselho Universitário encarregada de estudar a proposta se manifesta contrária à adesão.

No âmbito federal, a proposta continua sendo debatida entre as Ifes e o MEC. Nelson Amaral afirma que o governo já não pressiona as universidades para adesão, adotando o discurso da autonomia universitária. "Nem a UnB [Universidade de Brasília] e a Federal da Bahia vão conseguir implantar", argumenta Amaral. Mas se esta pressão diminuiu, ela continua quando se trata da ampliação de vagas nas universidades, conforme propõe o Plano Nacional de Educação.

A proposta é de que, até 2010, as Ifes igualem o número de alunos nos cursos diurnos e noturnos. Entretanto, um estudo coordenado por Amaral aponta que seria necessário um investimento da ordem de R$ 2,75 bilhões nos próximos três anos para dar conta da meta. Até 2010, teriam de haver 300 mil novas matrículas nas federais, o que significaria um aumento de 54,2% em relação às realizadas em 2005, ano-referência do levantamento. Só a UFG, teria de realizar 6 mil  novas matrículas. De acordo com o estudo, as Ifes teriam de receber R$ 900 milhões por ano até 2010 para alcançar esse objetivo - ou seja, aumento de 26,4% em relação ao orçamento de 2005. Para a UFG, a expansão consumiria R$ 20 milhões a cada ano.