Alunos de escolas públicas têm melhor desempenho

Jornal Diário da Manhã, 19/09/2007

Alunos de escolas públicas têm melhor desempenho

Renato Rodrigues
Da editoria de Cidades

Os resultados do último Exame Nacional do Desempenho de Estudantes (Enade), que substituiu o antigo Exame Nacional de Cursos (Provão), mostraram que os alunos de universidades federais que cursaram o ensino médio em escolas públicas têm melhor desempenho que os concluintes que fizeram o ensino médio em escolas particulares. Os egressos de escolas públicas conseguiram melhores notas em 53,75% dos cursos.

O Enade integra o Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (Sinaes) e tem o objetivo de aferir o rendimento dos alunos dos cursos de graduação em relação aos conteúdos programáticos, habilidades e competências. Na maioria das áreas do conhecimento, a diferença entre a nota de alunos de escolas públicas e particulares foi de dois pontos, mas existem exceções. Em Engenharia de Produção Elétrica, por exemplo, foram mais de 18 pontos entre o desempenho de um grupo e outro. O mesmo não ocorreu em cursos tradicionais, como Medicina, Direito e Administração, nos quais os estudantes das federais vindos de escola particular se saíram melhor.

Outros cursos que possuem baixo percentual de alunos oriundos de escolas públicas são Odontologia, com 19,3%, Medicina Veterinária, com 25,3%, e Arquitetura e Urbanismo, que teve taxa de 28,8%. Entre os campeões em alunos que cursaram o ensino médio em escolas públicas estão os de Formação de Professores (79,1%), Secretariado Executivo (74,5%), Pedagogia (72,2%), Matemática (72,0%) e Letras (70,2%).

As notas no Enade vão de 0 a 100 e a prova é feita tanto por estudantes no início dos cursos quanto pelos formandos. Números do Ministério da Educação (MEC) revelaram que 87% dos 9 milhões de alunos do ensino médio no Brasil estudam em escolas públicas. No ensino superior, os índices representam 45% dos estudantes. A maioria está em cursos de formação de professores, como Letras e Matemática, e Secretariado Executivo. A realidade é bem diferente no curso de Medicina, por exemplo, em que apenas 8,2% dos alunos vieram de escolas públicas.

Recém-formado no curso de Relações Públicas pela Universidade Federal de Goiás (UFG), Arthur Chaves Toledo, 22, estudou todo o ensino médio em escola pública e fez seis meses de cursinho pré-vestibular para conseguir ser aprovado no vestibular. Ele afirma que as pessoas que não estudam na rede particular têm que ter muita força de vontade para superar as dificuldades. “Sem as aulas do cursinho não seria aprovado na UFG. Lá eles passam muito conteúdo que não havia estudado no ensino médio.”

Para Arthur, o bom desempenho no Enade se deve ao fato de que o aluno que estudou em um colégio público leva o esforço dos tempos de vestibulando para a graduação. “Todos têm a mesma oportunidade de mostrar suas qualidades.” Ele defende ainda que os estudantes de escolas privadas não têm tantas cobranças ao ingressarem na universidade e isso reflete no desempenho no Enade.