Hora de escolher
Jornal O Popular, 20/09/2007
Hora de escolher
No momento de optar pela futura profissão, muitos jovens ainda vacilam. A decisão exige informação e maturidade, diz especialista
Ricardo Rafael
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Rodrigo Alves
O estudante Igor Diniz, de 17 anos, diverte-se ao contar a história de um amigo que se inscreveu para o vestibular em três universidades diferentes e, em cada uma, escolheu uma área: exatas, humanas e biológicas. O caso citado por Igor reflete a indecisão e a ansiedade que a escolha da profissão provoca nos jovens com a chegada do período de inscrições para os vestibulares. Nos rostos dos vestibulandos que farão as provas no final do ano, em boa parte dos casos, mais que certezas, estão interrogações.
Muitos goianos estão definindo neste exato momento a carreira que provavelmente vão seguir durante toda a vida. Na Universidade Federal de Goiás (UFG), as inscrições já estão sendo realizadas. Em breve, o mesmo será feito na UCG e na UEG. Entra ano e sai ano, um sentimento de angústia toma conta de quem está prestes a dar esse passo importante.
Não é difícil encontrar quem, como no caso do amigo de Igor, se inscreva em variadas opções. Ele mesmo, um vestibulando concluinte do 3º ano, tem uma história de indecisão. “Desde pequeno gosto de computador. Por isso, sempre disse que faria ciência ou engenharia da computação.” Mas, para surpresa de muita gente com quem ele convive, sabe o que Igor marcou na ficha de inscrição preenchida nesta semana? “História”, responde, depois de demorar um pouco, já quase aos risos. “Mas tem uma explicação”, adianta-se.
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É que Igor diz não ter muita facilidade com números e, quando soube que teria de trabalhar com eles, repensou a resposta automática à pergunta clássica: O que vai ser quando crescer? Agora, quer fazer licenciatura para se tornar professor, depois de receber uma proposta. “Meus primos são donos de colégio. Tenho a promessa de emprego depois que terminar a faculdade”, conta. “O motivo é dinheiro. Sei que é uma área que rende se você se esforçar”, admite, para depois emendar: “Mas também pensei em algo que eu gostava”.
Na prática
No início da semana, Yasmin Melo, 16, fez sua inscrição ao vestibular de enfermagem. “Meu pai acha que eu devia fazer direito, mas quero algo na área de saúde.” Ela diz não ter completa certeza da decisão, tomada no início do ano, mas acha que passa por um momento em que deve experimentar. “A gente sempre quer fazer muita coisa. Ainda estou em dúvida”, admite. “Você até pode achar que vai se dar bem em uma área, mas só depois que vai para a faculdade, que encara a prática, é que vai ver se gosta mesmo.”
Nos planos de Yasmin, também está a possibilidade de fazer medicina. O curso é outro das opções que Yasmin tem como alternativa à primeira escolha. “Não é que estou com medo de fazer medicina agora. Acho a enfermagem, que muita gente despreza, uma profissão muito bonita e necessária”, opina. “Se tudo der errado pode ser que ainda eu tente em cursos que me atraem muito, como nutrição ou jornalismo”, enumera.
Também em cima da hora para escolher o curso, o estudante Victor Hugo Ganzarolli, 19, vacilou entre opções bem distintas. “Fiquei um tempo em dúvida entre design gráfico e gestão ambiental”, relembra. Ele alega que é normal essa indecisão no momento de escolher algo tão importante. “É delicado mesmo. Por conta disso é que há pessoas que, por pressa e inexperiência, acabam fazendo opções precipitadas.” A escolha dele, tomada há pouco mais de um mês, é estudar gestão ambiental.
Depois de muita pesquisa na internet e conversas com conhecidos, o estudante julgou ser esta a profissão que lhe trará satisfação. “Além do que essa será uma profissão muito importante em um futuro próximo”, observa. A confiança na escolha não descarta um investimento futuro em design gráfico. “Já trabalhei na área”, informa. Por conta da experiência, Victor Hugo prevê que esse mercado não se fechará em uma ocasional dificuldade. “Meu pai é publicitário, profissão que precisa do design. Pelo menos terei alguém para me apoiar, se algo der errado na gestão ambiental”, brinca.