Jornal Diário da Manhã, 24/09/2007)

Conheça a rotina da Medicina

Douglas Branquinho
Da editoria de Cidades

A partir desta edição, o Guia do Vestibular apresenta a série Profissões. Como ponto de partida para a apresentação das mais variadas ramificações do mercado de trabalho, será tomado um dos mais antigos ofícios da humanidade, a Medicina. A ciência (e arte) que estuda causas de enfermidades e pesquisa os meios para combatê-las ainda é a mais concorrida em vestibulares por todo o País. No exame realizado pela Universidade Federal de Goiás (UFG), no ano de 2007, o curso liderou outra vez a lista dos mais procurados, com média de 37 estudantes por vaga. A duração é de 6 anos, mais o período de residência, que varia de acordo com a especialidade.

O médico Marco Túlio Ribeiro, que atua como cirurgião plástico, diz que, antes de tudo, para ser médico é preciso ser apaixonado pela profissão, ter interesse no próximo e habilidade social. Basicamente, o médico faz exames clínicos, prescreve medicamentos, realiza cirurgias, cuida da saúde das pessoas e atua em programas de prevenção, saneamento e planejamento da saúde pública. O currículo básico consiste em matérias como Anatomia, Histologia, Biologia, Ciências Morfológicas, Ciências Fisiológicas, Patologia, Iniciação ao Exame Clínico e Bioquímica.

Além disso, há também possíveis especializações, entre elas áreas como alergia, imunologia, anestesiologia, cirurgia plástica, cirurgia cardiovascular, fisiatria, genética clínica, geriatria, medicina sanitária, medicina do trabalho, patologia clínica, angiologia, cancerologia, cardiologia, cirurgia da cabeça e pescoço, urologia, otorrinolaringologia, pediatria, tisiologia, sexologia, psiquiatria, neurocirurgia, gastroenterologia, ginecologia, dermatologia, dentre outras.

Marco Túlio explica que, no seu caso, a escolha da profissão aconteceu desde os 10 anos de idade, por influência de seu avô materno, um português que era acadêmico de Medicina, mas teve que vir para o Brasil, perseguido pela ditadura imposta por Salazar. O cirurgião mostra cinco pontos para quem quer seguir na mesma carreira que ele escolheu. Procurar especialistas, saber sobre futura remuneração, conhecer a carga horária e balancear os pontos positivos e negativos, como toda profissão possui. “Algumas coisas o futuro médico deve ter em si quando procurar a profissão, como ser alguém que gosta de se doar ao próximo, que se privará de parte do convívio familiar, estudará a vida toda e, por diversas vezes, terá que trabalhar pela madrugada.”

O médico ainda trata de assuntos polêmicos, como os crescentes casos de erros médicos por todo o País. Ele afirma que o aumento do número de casos deve ser questionado. “Podemos nos perguntar se elevaram os erros ou o campo de visão da mídia. Há também a questão da multiplicação das faculdades sem aparato para receber um curso tão importante.” Quanto ao campo de trabalho, ele explica que aumentará a cada dia, pois todos os dias a sociedade desenvolve novas tecnologias, e também novas doenças surgem, além do aumento da população no mundo inteiro, um dos fatores que também favorecem a profissão. “Quem é um bom estudante e não sabe o que fazer deve ser médico”, conta, ao se lembrar de frase que um antigo professor de faculdade sempre dizia.

Radiografia
O curso é ministrado em período integral. Nos dois primeiros anos, há quatro disciplinas básicas: anatomia, fisiologia, patologia e bioquímica. A partir do terceiro ano iniciam-se as disciplinas profissionalizantes e os alunos passam a ter contato com os pacientes. Então, os futuros médicos começam a aprender técnicas de exames clínicos e de cirurgias, além de especialidades como ginecologia, pediatria, psiquiatria e cardiologia. O estágio supervisionado obrigatório, com plantões em hospitais, escolas ou em postos de saúde, é feito nos últimos quatro semestres. A residência médica é obrigatória após a formatura, e é feita em hospitais com equipes de professores e especialistas.