Precursor da medicina sepultado

Jornal O Popular, 26/09/2007

Precursor da medicina sepultado

Médico, ex-presidente da CEF e ex-deputado federal Lizandro Vieira da Paixão morreu na tarde de segunda-feira, aos 82 anos, no Hospital Lúcio Rebelo

Weimer Carvalho - 17.5.02

Lizandro com fotos da época de atuação política

Maria José Silva

Em meio a muita emoção, foi sepultado ao meio-dia de ontem, no Cemitério Jardim das Palmeiras, o médico e ex-deputado federal Lizandro Vieira da Paixão. Ele morreu na tarde de segunda-feira, aos 82 anos, no Hospital Lúcio Rebelo, vítima de complicações cardíacas. Homem determinado e de personalidade forte, Lizandro Vieira da Paixão foi um dos precursores na área da medicina em Goiás. Participou da fundação do Conselho Regional de Medicina de Goiás, em 1957, e da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Goiás, em 1960.

Lizandro Vieira da Paixão formou-se na Faculdade Fluminense de Medicina, no Rio de Janeiro, em 1954. Quatro anos depois, já casado com a médica Édila Melo Vieira da Paixão, mudou-se para Goiânia, onde viveu uma carreira marcada pelo pioneirismo, empreendedorismo e dedicação. Além de atuar como professor, exerceu intensamente a função de médico com especialidade em ginecologia e obstetrícia. Foi proprietário do Hospital São José e um dos sócios da então Clínica Santa Genoveva.

Paralelamente à medicina, Lizandro Vieira da Paixão atuou como político. Foi deputado federal pelo Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) por Goiás na gestão de João Goulart; presidente da Caixa Econômica Federal no Estado e do extinto Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Comerciários (IAPC). Devido à atuação marcante, ele foi cotado para ser o candidato de João Goulart ao governo de Goiás. Mas logo em seguida, em 1967, foi cassado e preso pelo regime militar. Libertado em 1968, Lizandro Vieira da Paixão deixou de atuar na política.

Marcapasso
O médico teve seis filhos: os advogados Lizandro Vieira da Paixão Júnior, Sérgio Melo Vieira da Paixão e Luiz Vieira da Paixão; os comerciantes Eduardo Melo Vieira da Paixão e Édila Melo Vieira da Paixão e a administradora de empresas Lizandra Vieira da Paixão. Segundo Sérgio Paixão, a partir da década de 1970 o pai passou a atuar também no ramo empresarial. Ele ergueu e coordenou uma construtora e uma financeira. Em função das amizades e do vasto conhecimento que tinha na área médica, ajudou a obter financiamento para equipamentos médicos de grande porte para várias unidades hospitalares.

A fragilidade na saúde do médico mostrou os primeiros sinais em 1983, quando ele sofreu um enfarte de grande extensão. Com poucas chances de recuperação, submeteu-se a uma cirurgia no Hospital Beneficência Portuguesa, na capital paulista. O procedimento teve êxito e garantiu boa qualidade de vida a Lizandro Vieira da Paixão por mais de 20 anos. No ano passado, ele teve de colocar um marcapasso no coração. Há pouco mais de uma semana, apresentou problemas respiratórios. Na segunda-feira, sofreu três paradas cardíacas e não resistiu.

Várias personalidades das áreas médica e política compareceram ao velório e sepultamento do médico no Cemitério Jardim das Palmeiras. Amigos e admiradores destacam que a morte de Lizandro Vieira da Paixão deixa uma grande lacuna na medicina. Para o amigo Nabi Salum, também precursor da medicina em Goiás, Lizandro Vieira da Paixão foi antes de tudo “um classista por excelência e um cidadão de proa.” Já o coordenador do Sistema Integrado de Atendimento ao Trauma e Emergências (Siate) e Diretor de Fiscalização do Conselho Regional de Medicina de Goiás, Ciro Ricardo de Castro, acentua que Lizandro Vieira da Paixão foi um médico que marcou a vida profissional pela dedicação.