Protesto suspende debate do Reuni
Jornal O Popular, 05/10/2007
Protesto suspende debate do Reuni
Reunião do conselho universitário da UFG seria realizada ontem à tarde para definir plano de reestruturação e expansão da unidade
Sebastião Nogueira
Edward Madureira: “Não havia clima para discussão”
Carla Borges
A reunião do Conselho Universitário (Consuni) da Universidade Federal de Goiás (UFG), marcada para as 14 horas de ontem, para apreciação do Plano de Reestruturação e Expansão da unidade (Reuni/UFG) não foi realizada. Cerca de 500 manifestantes, segundo cálculo do Diretório Central dos Estudantes (DCE), ocuparam a biblioteca central da universidade, no câmpus 2, com faixas, apitos e gritando palavras de ordem. Presidente do Consuni, o reitor Edward Madureira nem chegou a abrir a reunião.
Essa foi a segunda vez que uma manifestação de estudantes impediu a reunião da instância máxima da UFG para tratar do Reuni, que prevê a criação de 2,5 mil vagas em cinco anos, ou um salto dos atuais 13 mil para 23 mil estudantes no período. A primeira ocorreu no dia 29 de setembro.
Ontem, no entanto, o clima esquentou. “Da outra vez iniciei a reunião, pensei que eles queriam o debate, mas só disseram palavras de ordem e coisas indevidas. Hoje (ontem) não havia clima para a discussão”, argumentou o reitor ao POPULAR. Madureira revelou que a equipe técnica do Consuni irá se reunir e deliberar a forma como será discutido e votado o plano.
“Há uma série de medidas que podem ser tomadas”, informou, sem adiantar as opções. A UFG tem prazo até o dia 29 deste mês para encaminhar o projeto ao Ministério da Educação (MEC) e definir se adere ou não ao Reuni. O prazo inicial era o próximo dia 15, mas foi prorrogado por iniciativa do próprio ministério.
Número de vagas
O Reuni foi lançado em julho do ano passado pelo governo federal, com o objetivo de dobrar o número de vagas oferecidas em instituições federais e aumentar a taxa de conclusão dos cursos de graduação. Em Goiás, a proposta da UFG é de criação de cursos de bacharelado em grandes áreas de conhecimento (BGAs), que não oferecem formação profissional: Ciências Humanas e Sociais, Artes e Letras, Ciências Exatas e da Terra e Ciências da Vida.
O projeto prevê também mecanismos para favorecer o ingresso de estudantes da rede pública nas universidades federais, mas é a divisão por BGAs que contraria os estudantes e dirigentes de várias unidades da própria UFG, como a Faculdade de Educação. Se aderir ao Reuni até o dia 29 de outubro, a Universidade Federal de Goiás (UFG) receberá R$ 60 milhões para investimento em infra-estrutura e outros R$ 50 milhões para custeio de pessoal. O reitor explica que a verba começará a ser liberada no próximo ano, mas as mudanças no sistema de seleção devem entrar em vigor apenas para o ano letivo de 2009.