Menos açúcar, mais vida
Jornal O Popular, 05/10/2007
Menos açúcar, mais vida
Pedro Henrique Mota
pedrohenrique@dm.com.br
Da editoria de Cidades
Uma pesquisa divulgada na última terça-feira (2) por cientistas alemães sugere, a partir de experiências realizadas em minhocas, que evitar doces e outros alimentos com alto teor de açúcar pode aumentar a expectativa de vida em até 25% – no caso de seres humanos, aproximadamente 15 anos. Pesquisadores do Instituto de Nutrição Humana e da Universidade de Jena observaram que o corte na ingestão de glicose causou aumento na produção de radicais livres.
Estes radicais são moléculas com potencial maléfico ao organismo e costumam estar relacionados a processos degenerativos, como o envelhecimento celular e câncer. Com o crescimento no número de radicais livres, as minhocas estudadas passaram a produzir enzimas de defesa em altas quantidades. As que eliminaram mais radicais viveram 25% mais tempo que o esperado.
Segundo a nutricionista Janaína Macedo, 25, além do aumento da produção de radicais, o corte na ingestão de açúcar é positivo pois evita a hiperglicemia, e, assim, o risco de doenças como obesidade e diabetes. Apesar da dosagem, Janaína explica que, tirando da alimentação balas e brigadeiros, por exemplo, a pessoa ingere muito menos açúcar e, com isso, menos gordura, diminuindo as chances de problemas de pressão e colesterol.
Apesar dos riscos, a nutricionista esclarece que a eliminação completa do doce na dieta não é necessária, mas recomenda a dosagem. Segundo ela, o ideal seria comer doces apenas uma vez a cada 15 dias. “Comer controladamente não faz mal. O problema é que, com o açúcar, vem a hiperglicemia, mas numa alimentação balanceada, com muitas fibras, o nível glicêmico no sangue sobe mais devagar.”
Há três anos o assistente administrativo Rodrigo Otávio Campos e Silva, 30, descobriu que havia desenvolvido diabetes Tipo 1, que o obrigava a tomar doses de insulina. Como parte do tratamento, seu médico exigiu que ele reduzisse o consumo de carboidratos.
Rodrigo afirma que, no começo, sua maior dificuldade não foi a proibição de doces, mas a de comidas salgadas ricas em carboidratos. “Se eu tivesse descoberto a doença ainda criança, com certeza sentiria mais.” Para a professora da Faculdade de Nutrição da Universidade Federal de Goiás (UFG) Estela Maris Mônego, o açúcar, apesar de não ser o mais saudável dos carboidratos, não precisa ser proibido na alimentação, desde que o consumo seja feito dentro dos limites. Segundo ela, a quantidade de açúcar ingerida diariamente deve ser equivalente (em calorias) a 10% do valor de calorias diárias necessárias para o indivíduo.
Uma mulher adulta, segundo a professora da Faculdade de Nutrição da Universidade Federal de Goiás (UFG) Estela Maris Mônego, precisa de 1,8 mil quilocalorias diárias. Os 10% de calorias referentes ao açúcar estariam, segundo ela, em um único Sonho de Valsa, mas que exigiriam o consumo de muitas frutas para completar esta cota, fora o valor nutritivo superior que as frutas oferecem.
Para ela, é tudo uma questão de equivalência. O açúcar, apesar de não proibido, tem teor calórico maior do que os outros carboidratos, encontrados em frutas e verduras, por exemplo.