Variação nos temperos

Jornal Diário da Manhã, 09/10/2007

Variação nos temperos

A nutricionista Estela Maris Mônego, professora da UFG, explica que, com a passagem do tempo, o idoso tem mais dificuldade em sentir o gosto dos alimentos. “À medida em que se vai envelhecendo, se perde características da saliva e das papilas gustativas. A digestão fica mais lenta, o olfato menos ativo, e, assim, o sabor parece diminuir.”

Se o paladar está menos ativo, é preciso variar nos temperos e nos tipos de alimento, mas sem exageros. Afinal de contas, ninguém quer ficar sem o prazer de comer. Mas cuidado com o sal! Em excesso, ele pode causar hipertensão. “A alternativa é usar condimentos como orégano, manjericão e o próprio limão para intensificar o sabor”, ressalta.

A variedade também é importante. “O mesmo gosto o tempo inteiro não agrada ninguém. Sopa e mingau são bons alimentos, mas não têm que ser todo dia”, alerta a nutricionista. O idoso pode comer o mesmo que a família, com algumas variações, de acordo com suas necessidades específicas. “Se a boca fica muito seca, opte por molhos, verduras e carnes bem cozidas. Se tem dificuldade para mastigar, cozinhe mais o arroz.” O leite e seus derivados também são fundamentais. “Eles ajudam a fixar o cálcio e previnem a osteoporose.”

Mas há casos como o de Divina Martins de Deus, 71, que não gosta de leite. “Prefiro tomar café”, brinca. Além do desjejum com algumas xícaras, ela toma o pretinho básico várias vezes ao longo do dia.

“O café é um estimulante, e, de forma geral, pode diminuir o sono e ser um agressor ao estômago, causando azia e dor”, diz a nutricionista. Então, ele não é recomendado.

Mas se no café Divina desliza, com a dieta típica do brasileiro, ela marca pontos. Come arroz com feijão, carne, verduras e saladas variadas todos os dias. E nada de pimenta, nem sal exagerado. Entre as refeições, pequenos lanches com bolos, pães de queijo ou frutas. “Gosto de laranjas e bananas-maçã”, sorri.

Um alerta que não pode ser esquecido é o de beber muita água. “O idoso tem uma tendência à desidratação porque no envelhecimento há perda de líquidos naturalmente”, explica Estela. A sugestão é usá-la como se fosse remédio: “Colocar uma vasilha com água por onde o idoso passa e orientá-lo a tomar um copo toda vez que passar por ali.” Outros líquidos também valem, como sucos, chás, sopas, leite e, eventualmente, refrigerantes. Tudo para conciliar prazer e saúde na hora da comida.