Ataques de cães voltam a assustar

Jornal Diário da Manhã, 09/10/2007

Ataques de cães voltam a assustar

Renato Rodrigues
renatorodrigues@dm.com.br
DA EDITORIA DE CIDADES

Dois ataques em menos de 24 horas. No último domingo, 7, a pastora evangélica Maria Virgínia Rosa de Andrade, 34, se assustou com os ganidos da cadela Lessi, de um ano. Ao sair no portão, encontrou dois cães da raça pit bull atacando Lessi, que estava do lado de dentro. A força do ataque quebrou uma das grades do portão e Lessi foi puxada violentamente para fora, quando continuou a levar fortes mordidas. Um vizinho de Maria Virgínia, que assistiu à cena, atirou pedras nos cachorros, que soltaram Lessi e correram para o outro lado da rua do Chumbo, no Jardim Diamantina.
“Eu queria socorrer a Lessi, mas meu filho não deixou. Fiquei com medo e muito assustada”, diz Maria Virgínia. Ela afirma que os dois cães ainda permaneceram na rua por mais de uma hora amedrontando toda vizinhança até a chegada do Centro de Zoonozes. A cadela Lessi sofreu um corte e vários furos no pescoço. O esposo de Maria Virgínia, Joaquim de Andrade Silva, disse que os cachorros vivem em uma empresa de plásticos e embalagens próxima a sua casa, onde ficam como vigia do local. De acordo com Joaquim, os donos da empresa explicaram que a fuga dos pit bulls foi causada por um acidente de trânsito que teria feito um buraco na tela de proteção.
O outro ataque envolvendo cães da raça foi ontem. O pedreiro Antônio José de Souza, 57, passava de carroça pela Rua Laguna, no Jardim Novo Mundo, quando foi surpreendido por um cão que saiu de dentro de uma casa cujo portão estava aberto. Segundo o Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO) feito no 19º Distrito Policial, o cachorro atacou o cavalo e só o largou quando Antônio o atingiu com um pedaço de madeira que encontrou na rua. O cavalo ficou ferido no pescoço, nas pernas e no peito. O técnico em telecomunicações e proprietário do cão, Emerson Cardoso de Jesus, 33, pode ser responsabilizado e pagar pelos danos causados ao cavalo.
Discussão
Os grandes índices de ataques de cães da raça pit bull nos últimos anos levantaram diversas discussões na sociedade e no meio político. Em Goiânia, o vereador Maurício Beraldo (PSDB) criou projeto que prevê castração de seis raças, pit bull, rottweiler, bull terrier, mastim napolitano, doberman e fila brasileiro. A lei foi aprovada na Câmara Municipal e vetada há dois meses pela prefeitura. O projeto voltou para a Câmara e deve ser votado nas próximas semanas e encaminhado para a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). Caso o veto seja derrubado, o projeto pode se tornar lei municipal em breve.
Segundo a médica veterinária, doutora em Clínica Médica Animal e professora da Escola de Veterinária da Universidade Federal de Goiás (UFG), Rosângela de Oliveira Alves, os cães da raça pit bull têm um temperamento forte, mas a principal causa de acidentes é o manejo inadequado dos proprietários dos animais. Segundo ela, toda pessoa que adquire um cachorro deve saber antecipadamente todas as suas características.
“O pit bull é um cão extremamente ativo, muito forte e que precisa de socialização”. A veterinária ressalta que o pit bull precisa de cuidados maiores por parte dos donos, que muitas vezes criam o animal em espaço pequeno e o submetem a alimentação inadequada.