Capital das áreas verdes
Jornal Diário da Manhã, 13/10/2007
Capital das áreas verdes
Moacir Cunha Neto
moacircunha@dm.com.br
DA EDITORIA DE CIDADES
Com 1,2 milhão de habitantes, Goiânia é a capital brasileira com maior índice de árvores plantadas em vias públicas. Apesar de não existir legislação que regule o quantitativo de árvores em proporção ao número de habitantes, a Capital conta atualmente com 650 mil árvores plantadas, sendo 0,59 árvore por pessoa. A recuperação de parques e jardins e a quantidade de espaços verdes completam as ações de preservação ambiental.
Em razão disso, estudo apresentado durante o Congresso Brasileiro de Arborização Urbana, realizado em setembro em Vitória (ES), contribuiu para que fosse concedido a Goiânia o certificado que comprova a primeira posição no ranking entre as capitais mais arborizadas. Em seguida, figuram na classificação da Sociedade Brasileira de Arborização Urbana (SBAU), João Pessoa (PB) e Curitiba (PR).
Levantamento realizado pela diretoria de Áreas Verdes e Unidades de Conservação (Diruc), por meio da gerência de Arborização Urbana da Agência Municipal de Meio Ambiente (Gearb-Amma), aponta que a arborização das vias públicas teve início na década de 1930, quando da implantação da nova Capital. Inicialmente, as mudas ocuparam as calçadas das avenidas Goiás, Tocantins e Araguaia e da Praça Cívica. Flamboyants e fícus-microcarpa, além do alfeneiro, compunham o plantel.
Nos bairros mais antigos, como Central, Aeroporto, Universitário, Oeste e Bueno, predominam as espécies Pachira aquática (munguba), Caesalpinia Peltohphoroides (sibipiruna) e Ficus benjamina (fícus-benjamina). Ao longo dos anos, após a intensificação do plantio de mudas, outras espécies ocuparam os espaços públicos da cidade, sendo a maioria exóticas, sem a valorização de espécies típicas do bioma Cerrado. O alerta é feito também pelo professor-doutor em Ciências Ambientais Nilson Clementino Ferreira, da Universidade Federal de Goiás (UFG).
Ele conta que, após a realização de estudo para mapear por meio de fotografias aéreas as regiões habitadas da Capital, encontrou apenas 13,5% de área remanescente do bioma Cerrado. Por lei, Goiânia deveria ter pelo menos 20% de área nativa preservada.
Os dados apresentados pela Gearb-Amma apontam ainda que a arborização da Capital é antiga, com grande número de árvores adultas e em final de ciclo biológico. Além disso, há espécies inadequadas que não podem ser removidas imediatamente, sob pena de provocar impacto ambiental e visual negativo. Após a conclusão do estudo, ficou constatada a necessidade de políticas públicas para resolver a questão a médio prazo, como forma de possibilitar arborização planejada com a utilização de espécies adequadas a cada via pública.
A arborização nas áreas livres públicas da cidade acompanha o sistema viário e exerce função ecológica. Como resultado, contribui para a purificação do ar e melhoria do microclima da cidade, por meio da retenção de umidade do solo e do ar. Além disso, as plantas abrigam a fauna, proporcionando maior variedade de espécies, o que influencia diretamente o equilíbrio das cadeias alimentares e diminuição de pragas.
Um dos pontos negativos revelados pelo estudo é a existência de árvores interferindo no funcionamento dos equipamentos urbanos, como fiações elétricas, encanamentos, calhas e calçamentos. O manejo inadequado das árvores, como forma de minimizar os danos aos equipamentos, prejudica as espécies. Podas realizadas indiscriminadamente geram danos à planta, como problemas fitossanitários, presença de cupins e brocas, além de outros tipos de patógenos da natureza.
Com base nos dados colhidos, o gerente de Arborização Urbana da Amma, Antônio Esteves dos Reis, lembra que a multa para quem poda irregularmente uma árvore pode chegar a R$ 1 mil. Esclarece ainda que, somente após estudo da Amma, é realizada a poda ou corte de árvores em vias públicas da Capital. “Árvore é um bem público, um bem para a coletividade, não podendo ser cortada ilegalmente”, salienta o gerente.