Problema de saúde pública

Jornal Diário da Manhã, 18/10/2007

Problema de saúde pública

A Pesquisa Nacional de Orçamentos Familiares (POF), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), aponta que em 2003 a aquisição alimentar domiciliar anual de arroz foi de 31,6 quilos per capita. O consumo de feijão comum no mesmo período foi de 12,4 quilos per capita. Nas grandes metrópoles brasileiras, o consumo anual foi de apenas 17,1 quilos per capita de arroz e 9,22 quilos de feijão. Em relação ao ano de 1975, a redução foi de 46% para o arroz e 37% de feijão.
Fonte considerável de fibras e ferro, entre outros minerais, o feijão é substituído por outros alimentos, especialmente os que contêm gorduras e açúcar em excesso. A proteína do feijão é rica em lisina, pouco presente no arroz, mas deficiente em aminoácidos sulfurados, como metionina e cistina. A combinação arroz e feijão fornece proteína de alta qualidade, podendo atingir valores protéicos acima de 80%, além do baixo conteúdo de lipídeos e ausência de colesterol. Estudo conduzido pela Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP) indica que a combinação dos dois produtos contribui para a redução do risco de câncer oral, doença que responde por 3% de todos os tumores malignos no Brasil. A substituição desses itens por dietas menos balanceadas em termos nutricionais pode ter implicações sérias no campo da saúde pública.

Alerta
O alerta é feito também pela nutricionista Estelamaris Mônego, professora da Universidade Federal de Goiás (UFG). Menos tempo para preparar os alimentos estimula o consumo de produtos em substituição ao arroz e feijão. A troca não é benéfica, pois os produtos vendidos fora têm alta concentração de açúcar e gordura, o que favorece o aparecimento de doenças cardiovasculares. “A globalização estimula a mudança de hábitos e, como conseqüência, temos o aumento de peso e doenças cardiovasculares, um risco para a saúde das pessoas”, esclarece.