Sem ter base e sem estudar, ninguém passa

Jornal O Popular, 21/10/2007

Sem ter base e sem estudar, ninguém passa

Graduados em Direito aprovados no exame da OAB são, em geral, ex-alunos com boa formação educacional e que estudam muito

Waldineia Ladislau

Conseguir a tão sonhada carteira de advogado está se tornando, a cada ano, um pesadelo para a grande maioria de formados e formandos em Direito. O último exame, com 401 aprovados, confirma a tendência atual em que o índice de aprovação é baixo. O penúltimo teste, aliás, teve o índice mais baixo dos últimos anos: apenas 11.74% dos candidatos que se submeteram ao exame obtiveram aprovação. O resultado extremamente negativo pode ser atribuído, em parte, aos problemas na realização do penúltimo exame, aquele que foi anulado e refeito, posteriormente, diante das denúncias de fraude. Dos 1.505 candidtos que fizeram a prova em agosto, em que a lista foi divulgada sexta-feira, 27% foram aprovados.

Para o presidente da Comissão de Estágio e Exame de Ordem da OAB-GO, Jônathas Silva, o baixo desempenho está ligado diretamente ao despreparo dos alunos que chegam ao 3º grau. Com o aumento do número de faculdades, quem não tem muita base pode, hoje, fazer um curso superior, o que era difícil de acontecer no tempo em que as faculdades privadas eram poucas e seus vestibulares, eletivos.

Desempenho
Hoje, salienta Jônathas Silva, alunos podem ingressar num curso superior aprovados em quarta e até quinta chamada de convocados. Em todos os exames aplicados até hoje, o índice de aprovação dos alunos da Universidade Federal de Goiás (UFG) é em torno de 50%, já teve até 66,6%, na prova de abril do ano passado. Das particulares o desempenho, em média, não chega a 20% dos candidatos.

 

401
foi o número de candidatos aprovados no último Exame de Ordem da OAB de Goiás

 

 

Leite derramado
Mais do que chorar sobre o leite derramado, o propósito da OAB Nacional é o de chamar as faculdades particulares em todo o País e discutir, em cada Estado, o que se pode fazer para melhorar o ensino. Em Goiás, Jônathas Silva tem tido encontros com os coordenadores dos 36 cursos de Direitos de instituições de ensino superior. Também está sendo discutido o conteúdo das provas elaboradas pelo Centro de Seleção e Promoção de Eventos (Cespe) da Universidade de Brasília (UnB), que terminou de aplicar o segundo exame.

Segundo Jônathas Silva, a intenção é manter um diálogo permanente com as faculdades, para aprimorar o ensino jurídico e elevar o índice de aprovação no exame. “A intenção é mostrar que o Exame de Ordem é um indutor da qualidade do ensino jurídico e, como seus resultados têm apontado para uma deficiência dos cursos, queremos discutir soluções com as próprias faculdades”, afirmou.

O presidente da Comissão de Estágio e Exame de Ordem da OAB explicou que há, entretanto, uma preocupação da OAB-GO “em não interferir no projeto político pedagógico das escolas, já que não somos órgãos fiscalizadores, quem fiscaliza é o Ministério da Educação, por meio da Secretaria Nacional de Educação Superior”, assinalou ele.