Leite adulterado causa queimadura

Jornal Diário da Manhã, 26/10/2007

Leite adulterado causa queimadura

Matheus Álvares Ribeiro
matheusalvares@dm.com.br
Da Editoria de Cidades

OProcon de Goiás deve divulgar na próxima segunda-feira, 29, os nomes das 18 marcas de leite reprovadas no exame que, a exemplo do caso de Minas Gerais, detectou a presença de soda cáustica, água oxigenada, além de coliformes fecais e totais no leite. Em entrevista à Agência Brasil, ligada à Radiobrás, a nutricionista Carla Caputo afirmou que o leite adulterado pode provocar queimaduras nos órgãos internos, mas não traz risco de morte ao consumidor. Os males, no entanto, são diretamente proporcionais à concentração com que tais produtos foram diluídos no leite.
Segundo o superintendente do Procon, Antônio Carlos Lima, é justamente esta a preocupação do Procon. “Não sabemos qual a concentração destes produtos.” Crianças e idosos seriam as pessoas mais sensíveis. Ironicamente, eles são os maiores consumidores do produto.
Os resultados também serão encaminhados à Polícia Federal e os responsáveis serão indiciados pelo crime contra ação de consumo. Foram analisadas 19 marcas de leite pasteurizado tipo C, o popular leite de saquinho, e 24 marcas de leite longa vida. O exame, feito pelo Centro de Pesquisas em Alimentos (CPA) da Universidade Federal de Goiás (UFG), constatou que, das marcas de leite tipo C analisadas, 12 foram reprovadas. Entre os produtos longa vida, seis não passaram pelo teste de qualidade do Procon de Goiás.
“O leite é um dos alimentos mais saudáveis que existem, mas ele se perde muito rápido”, diz o superintendente. Ele conta que, no começo deste ano, o Sindicato dos Veterinários de Goiás o procurou com a denúncia de má qualidade do produto. Antônio Carlos teria recomendado ao sindicato que procurassem órgãos como a Vigilância Sanitária, que têm a responsabilidade de realizar este tipo de fiscalização. Diante da insistência o Procon realizou, em julho deste ano, uma primeira análise, também feita pelo CPA, onde, das 16 marcas analizadas, 14 foram reprovadas.
O exame mais recente comprovou que não foram tomadas medidas para resolver o problema. Ante o resultado, o Procon autuará ainda esta semana as marcas reprovadas, além de provocar o Ministério Público para que este obrigue os órgãos responsáveis a cumprirem o dever de controlar a qualidade dos produtos que vão para as prateleiras.
As empresas receberão multa de até R$ 3,1 milhões. O superintendente Antônio Carlos afirma que qualquer consumidor que tenha comprado alguma destas marcas e sofreu algum dano físico deve acionar tanto o Procon quanto a Justiça para que as providências adequadas sejam tomadas. Aqueles que adquiriram o produto, mas ainda não o consumiram, poderão pedir devolução do dinheiro.