Com o vigor da juventude

Jornal Diário da Manhã, 28/10/2007

Com o vigor da juventude

Matheus Álvares Ribeiro
matheusalvares@dm.com.br
Da Editoria de Cidades

É possível chegar aos 70 anos com o mesmo vigor da juventude? O prefeito Iris Rezende, 73, deu provas de que é possível, ao percorrer, no último final de semana, cinco quilômetros na Minimaratona de Goiânia. O presidente da Assembléia Legislativa de Goiás, deputado Jardel Sebba (PSDB), aos 58 anos, é outro que esbanja fôlego em exercícios. Ele percorre 12 quilômetros todos os dias em caminhadas e corridas.
Para ter esta disposição na terceira idade, exige-se uma série de medidas para fortalecer o corpo e a mente, atrasando os efeitos do tempo. À medida que a idade avança, doenças vão aparecendo, ossos e músculos perdem parte de sua massa e se enfraquecem. Com as perdas físicas surgem os problemas de memória, disfunção erétil e mesmo problemas emocionais, como depressão. A manutenção de uma atividade é, portanto, fundamental para uma velhice saudável e com o vigor de uma pessoa mais jovem.
O professor da Faculdade de Educação Física da Universidade Federal de Goiás (UFG) Luiz Armando diz que o exercício físico é uma mudança do estado de inércia do organismo que o força a se adaptar a uma nova situação. “Por meio do estímulo do exercício, ocorrem estímulos neuromusculares que forçam o organismo se adaptar a uma nova situação”, conta.

Estímulo
Estes estímulos provocam o aumento da fixação de cálcio nos ossos, além do aumento da massa magra (músculo) do corpo. Há também a massagem das glândulas, que voltam a executar atividades que, há algum tempo, não ocorriam com tanta freqüência. As proezas vão desde se abaixar para pegar um chinelo embaixo da cama até correr cinco quilômetros em uma maratona, como fez o prefeito de Goiânia, Iris Rezende, na Minimaratona de Goiânia, ocorrida no último domingo, 21.
Uma pessoa com mais de 60 anos perde anualmente cerca de 1% de sua massa muscular. Já a masa óssea reduz em ritmo mais acelerado nas mulheres (em torno de 3% ao ano) do que nos homens (1,5%). É por este motivo que os casos de osteoporose são tão altos em pessoas idosas. O estímulo muscular, no entanto, permite reverter esta tendência. “Como os músculos são forçados durante o exercício, eles tendem a se agarrar mais aos ossos, que procuram fixar mais cálcio para suportar a pressão”, conta o professor.
De todas as atividades físicas, a mais recomendada é a musculação, pela alta capacidade de fortalecimento muscular e fixação de cálcio. Esta é a primeira atividade indicada aos idosos pois fortalece o corpo para a execução de qualquer outra. Mas a sugestão médica é fundamental para se encontrar a atividade mais adequada ao perfil físico do paciente. “Uma pessoa com alto grau de enfraquecimento muscular não pode fazer exercícios pesados porque seus ossos se quebrarão.”
Os efeitos de se abandonar o sedentarismo e começar uma atividade física incluem o controle de doenças como diabetes, problemas cardíacos e com colesterol, além de melhorar a auto-estima e desempenho em diversas atividades, inclusive sexual. “De uns anos para cá, percebeu-se que poupar o idoso de atividades físicas era um grande erro”, comenta.
Os jovens também podem se beneficiar de uma velhice saudável, mas, apesar dos avanços da medicina, não existem milagres. Uma vida longa e saudável é possível desde que se mantenha alguns hábitos básicos, como prática de exercícios, alimentação saudável e pelo menos oito horas de sono por noite. Estas práticas retardam, inclusive, o processo natural de degeneração do corpo, fazendo com que a pessoa mantenha-se com uma aparência jovem por mais tempo. Desta forma, é possível “chegar aos 60 anos com um corpinho de 30”, bastando, para isso, ter disciplina.
“Não gosto de ficar em casa.” A enfermeira aposentada Hélia Nunes Vieira, 69, é um exemplo de pessoa que não gosta de ficar parada. Três anos depois de se aposentar, ela participa de aulas de bordado, dança, coral, além de freqüentar academia, onde faz musculação. “Sou uma mulher que não gosta muito de ficar em casa.” Com filhos, netos e um bisneto, Hélia não se considera um modelo clássico de avó, talvez por sua própria história de vida, que a obrigou a trabalhar em dois empregos, um em Goiânia e outro no Distrito Federal, para se firmar. “Fui uma pessoa que teve de lutar muito para achar minha luz no fim do túnel”, conta.